Biografias de fé da Rússia para o mundo

Mais de cem russos estão presentes em Lisboa, desde ontem, para o Encontros Europeu de Jovens promovido pela Comunidade Taizé. Mais de quatro dias de viagem foram precisos para trazer até ao nosso país testemunhos únicos de fé. Olga, uma das quatro russas que falou sobre “Ser cristão na Rússia, ontem e hoje”, refere à Agência ECCLESIA que “qualquer biografia de fé é preciosa para os outros”. “Para mim é importante testemunhar a minha fé para permanecer fiel às minhas raízes, para me lembrar do meu primeiro amor pelo Cristianismo”, acrescenta. Olga e o seu marido foram apresentados como “velhos amigos de Taizé”. Conheceram a comunidade na primavera de 1989, através de um irmão que esteve em Moscovo para organizar uma celebração ecuménica. Desde então, têm vindo a caminhar em conjunto naquela que consideram ser uma “parábola da comunidade de Cristo”. Diante de algumas dezenas de jovens, os quatro cristãos Ortodoxos desfiaram as memórias das suas conversões – através de ícones, da Bíblia ou da espiritualidade da grande literatura russa -, das perseguições do regime comunista – que fieram milhares de mártires – e das difíceis relações com o Catolicismo. Várias foram as perguntas levantadas em torno da pobbilidade de João Paulo II visitar ou não a Rússia. “O problema está no facto de a identidade nacional da Rússia se misturar muito com a Igreja Ortodoxa. Um político chegou a afirmar que era Ortodoxo, porque era russo, mas não acreditava em Deus”, apontou Nicha, médico reformado. A tendência é de defender a identidade nacional “ortodoxa” de uma maneira radical contra “as outras identidades”. Os testemunhos russos apresentaram, contudo, um sinal de que o ecumensmo está vivo, mesmo quando “anónimo”. Do Cristianismo “ocidental” herdaram a paixão do movimento “Fé e Luz”, que dedica uma atenção especial ao cuidado das crianças com deficiência. “Sem o testemunho dos nossos irmãos do Ocidente, as pessoas com deficiência estariam ainda mais exluídas das nossas igrejas”, aponta Natasha. O “Fé e Luz” começou ainda nos tempos do antigo regime comunista, com reuniões secretas num apartamento, tentando fugir às atenções dos vizinhos. Agora há liberdade religiosa, “mas a mudança de mentalidades leva muitos mais anos”, constataram todos. Neste pequeno encontro com jovens de toda a Europa, foi a música que uniu católicos, ortodoxos e protestantes num coro único. Taizé é isso mesmo.

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