Bíblia: Jardim dos Franciscanos Capuchinhos é mostra viva de plantas da Sagrada Escritura

Espaço localizado em Fátima serve para catequese e encontro com natureza

Fátima, Santarém, 29 nov 2011 (Ecclesia) – Das espigas de trigo à videira, onde germinam o pão e vinho da eucaristia, passando pela olaia, árvore onde Judas se terá enforcado, o jardim dos Franciscanos Capuchinhos em Fátima é um repositório de plantas da Bíblia.

Nas narrativas bíblicas Jesus recorre à botânica para criar imagens sobre as realidades celestes, como quando diz que o reino de Deus “é como um grão de mostarda que, ao ser deitado à terra, é a mais pequena de todas as sementes que existem”, mas que depois de crescer se transforma numa árvore em cujos ramos as aves se podem abrigar.

E se os discípulos tivessem “fé como um grão de mostarda” podiam ordenar aos montes que mudassem de sítio, pois nada lhes seria impossível, diz também Jesus noutro passo do Novo Testamento.

A mostardeira, com as suas sementes “mais pequenas do que cabeças de alfinete”, é uma das espécies presentes no jardim do Centro Bíblico dos Capuchinhos, um espaço de catequese, “relaxamento e reencontro”, afirmou o frei Lopes Morgado ao programa ECCLESIA na Antena 1 deste domingo.

Amendoeiras e narcisos, lírios, papoilas e amoreiras, palmeiras, choupos, pinheiros e ciprestes, figueiras e romãzeiras, nogueiras, margaridas e acácias, jacintos, alfarrobeiras e girassóis, cedros do Líbano e flores de cato, alhos-porros e brincos-de-princesa são algumas das espécies de um jardim em contínua sementeira.

As árvores, flores e arbustos constituem uma forma de “aproximação à Bíblia”, salientou o religioso, acrescentando que cada espécie “vai ter o seu nome científico e popular, além da referência do capítulo e versículo do livro bíblico onde se encontra”.

No interior do jardim há um anfiteatro dividido em quatro, “simbolizando o pão partido da eucaristia”, onde se evoca o cenáculo, que segundo a Sagrada Escritura cristã foi a sala no piso de cima de uma casa a norte de Jerusalém onde Jesus, na sua última ceia, comeu pão e vinho com os discípulos.

Ao centro, uma mesa sobre uma mó de lagar de azeite liga-se à representação, mesmo ao lado, do Jardim das Oliveiras, para onde Jesus se dirigiu após a derradeira refeição para orar, antes de ser preso pelos soldados romanos, de acordo com a narrativa bíblica.

O padre Lopes Morgado, que quer fazer um catálogo com todas as plantas e as suas propriedades, recorre à imagem do primeiro livro da Bíblia, o Génesis, para falar da paz que experimenta ao percorrer o jardim: “Quando estou cansado venho até aqui e sinto-me um pouco como Adão a passear pela fresca da tarde”.

“Aqui encontramos não só as raízes naturais, porque todos vimos da terra, mas também há uma descompressão física e mental, além de recuperamos a capacidade de êxtase e de ver outra vez as coisas”, sublinhou o religioso, para quem é necessário que o ser humano reencontre o seu “lugar de criatura no meio da Criação”.

PRE/RJM

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