Bíblia deve ser «código» para as culturas

Bento XVI deixa apelo ao diálogo ente agentes da cultura e a Igreja

Bento XVI defendeu num documento hoje publicado pelo Vaticano a necessidade de “recuperar plenamente o sentido da Bíblia como grande código para as culturas”.

“Quero reafirmar a todos os agentes culturais que nada têm a temer da sua abertura à Palavra de Deus, que nunca destrói a verdadeira cultura, mas constitui um estímulo constante para a busca de expressões humanas cada vez mais apropriadas e significativas”, diz o Papa, na exortação apostólica «Verbum Domini» (Palavra do Senhor).

Bento XVI lança ainda um apelo em favor de um “renovado encontro entre Bíblia e culturas”, promovendo o seu conhecimento nas escolas e universidades e superando “antigos e novos preconceitos”.

“Deus não se revela ao homem abstractamente, mas assumindo linguagens, imagens e expressões ligadas às diversas culturas”, admite o Papa.

Fruto da XII assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, em 2008, a exortação – documento eminentemente catequético – sublinha que a inculturação “não deve ser confundida com processos de adaptação superficial, nem mesmo com a amálgama sincretista que dilui a originalidade do Evangelho para o tornar mais facilmente aceitável”.

“Na Sagrada Escritura, estão contidos valores antropológicos e filosóficos que influíram positivamente sobre toda a humanidade”, lembra Bento XVI.

A exortação papal deixa uma palavra para as manifestações artísticas “inspiradas na Sagrada Escritura”, como, por exemplo, “as artes figurativas e a arquitectura, a literatura e a música”.

“Exorto os organismos competentes a promoverem na Igreja uma sólida formação dos artistas sobre a Sagrada Escritura à luz da Tradição viva da Igreja e do Magistério”, indica Bento XVI.

Os meios de comunicação social também merecem relevo, com o Papa a “agradecer aos católicos que lutam com competência por uma presença significativa no mundo dos mass media, solicitando um empenhamento ainda mais amplo e qualificado”.

A exortação fala no “papel crescente” da Internet, que constitui “um novo fórum onde fazer ressoar o Evangelho, na certeza, porém, de que o mundo virtual nunca poderá substituir o mundo real”.

O Papa afirma que “o nosso deve ser cada vez mais o tempo de uma nova escuta da Palavra de Deus e de uma nova evangelização”.

“Não se trata de anunciar uma palavra anestesiante, mas desinstaladora, que chama à conversão”, precisa.

Nesse contexto, convida a um novo “ardor missionário”, que apresenta como “sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial”.

“A Igreja deve ir ao encontro de todos” e “continuar profeticamente a defender o direito e a liberdade das pessoas escutarem a Palavra de Deus, procurando os meios mais eficazes para a proclamar, mesmo sob risco de perseguição”.

O documento fala em particular do anúncio aos jovens, aos migrantes, aos pobres e aos que sofrem, aludindo ainda à ligação entre Palavra de Deus e a salvaguarda da natureza.

A exortação apostólica «Verbum Domini» encontra-se disponível no site do Vaticano, em português.

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