Teólogo João Duque expressa a surpresa pela escolha dos temas tratados
Braga, 05 jan 2023 (Ecclesia) – O teólogo João Duque considera que o Papa Bento XVI fica na “história” e as encíclicas que escreveu “são surpreendentes”, nomeadamente em relação “aos temas escolhidos”.
“Não era muito expectável na fase de cardeal Ratzinger e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé dedicar-se aos temas tratados nas encíclicas, nomeadamente ao tema do amor e a forma como o tratou”, disse à Agência ECCLESIA o teólogo João Duque, Pró-Reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP).
O Papa emérito Bento XVI, falecido no dia 31 de dezembro último, foi sepultado, esta manhã, na cripta da Basílica de São Pedro, no Vaticano, no túmulo onde esteve o Papa São João Paulo II antes de ser colocado na basílica vaticana.
O Papa Bento XVI conseguiu “escritos memoráveis” com uma leitura teológica “bastante aberta ao mundo contemporâneo”, frisou o professor João Duque.
Para o teólogo, os documentos do Papa Bento XVI foram “uma transição” para uma aplicação “mais pragmática por parte do Papa Francisco”, disse.
As linhas orientadoras do Papa Bento XVI “são atuais” e um dos documentos é “fundamental do ponto de vista da Doutrina Social da Igreja, com posições bastantes criticas relativamente a certas formas de economia”, sublinhou João Duque.
Numa linguagem “mais radical e mais afirmativa”, o Papa Francisco “deu continuidade” à perspetiva social do seu antecessor.
Bento XVI foi Papa entre 2005 e 2013 e faleceu a 31 de dezembro de 2022, aos 95 anos de idade; o sucessor de São João Paulo II foi o primeiro pontífice a renunciar ao pontificado desde Gregório XII, em 1415.
“Depois de deixar de ser Papa foi muito discreto”, mas teve uma “influência enorme durante o seu pontificado”.
Em relação à possível renúncia do Papa Francisco, o teólogo salienta que o caminho aberto pelo Papa Bento XVI deixa novas formas de exercer o ministério petrino.
“Acredito que o Papa Francisco vai fazer o mesmo, mais tarde ou mais cedo”, porque “corresponde plenamente ao espírito dele, visto que assume o exercício do papado como uma missão”.
“Não me parece que seja problema de maior o Papa Francisco renunciar”, acentuou João Duque.
O Papa Bento XVI ao renunciar fez “uma interpretação ao vivo do ministério petrino da sua função” e “foi um ato muito corajoso e inovador”.
LFS