Bento XVI recebeu, esta manhã, na Sala dos Papas, no Vaticano, 38 membros da Comissão Teológica Internacional, no término da Assembleia Plenária, iniciada no dia 1. No discurso que pronunciou aos presentes, o Papa agradeceu as palavras do Presidente da Comissão, o Cardeal William Joseph Levada, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que falou sobre a importância do documento: “A esperança da salvação para as crianças que morrem sem o Baptismo”, publicado em 20 de Abril deste ano. Comentando sobre este documento da Comissão Teológica Internacional, com o qual a Igreja Católica eliminou o limbo, onde a tradição católica colocava as crianças, que morriam sem receber o baptismo, o Pontífice expressou o seu desejo, dizendo que “Faço votos de que este documento possa constituir um ponto de referência útil para os Pastores da Igreja e os Teólogos, como também uma ajuda e uma fonte de consolação para os fiéis, que sofreram, nas suas famílias, a morte inesperada de uma criança, que faleceu antes de ser baptizada”. As reflexões, durante estes dias, da Comissão Teológica Internacional, afirmou o Papa, poderão ser ocasião de ulteriores aprofundamentos e pesquisas sobre o tema. Bento XVI frisou ser preciso aprofundá-lo, cada vez mais, na compreensão das diversas manifestações do amor de Deus, que nos foi revelado em Cristo, para todos os homens, especialmente para os mais pequeninos e os pobres. Dirigindo-se aos membros da Comissão, o Papa congratulou-se pelos resultados obtidos, e, ao mesmo tempo, encorajou o estudo de outros temas, durante este quinquénio, como os fundamentos da lei moral natural e os princípios da teologia e os seus métodos. Abordando, de modo particular, a lei moral natural, o Papa advertiu que “com grande interesse se espera uma contribuição da Comissão Teológica Internacional, para justificar e ilustrar os fundamentos de uma ética universal, pertencente ao grande património da sabedoria humana, que, de qualquer forma, conta com a participação da criatura racional na lei eterna de Deus”. Precisamente devido ao influxo de factores de ordem cultural e ideológica, acrescentou, a sociedade civil e secular encontra-se, hoje, numa situação de confusão, pois perdeu-se a evidência original dos fundamentos do ser humano e da sua acção ética. Desta maneira, afirmou ainda o Papa, a doutrina da lei moral natural choca com outros conceitos que são a sua negação. Tudo isso suscita enormes e graves consequências na ordem civil e social. Segundo alguns pensadores, a humanidade ou a sociedade ou a maioria dos cidadãos dita a lei última civil. O Papa salientou que o problema, que se coloca, não é o da busca do bem, mas sim do poder ou do equilíbrio dos poderes. À raiz desta tendência está o relativismo ético. E recordando que a história demonstra que a maioria pode errar, o Papa concluiu seu pronunciamento, afirmando que “a verdadeira racionalidade não é garantida pelo consenso de um grande número de pessoas, mas apenas pela transparência da razão humana diante da Razão criadora. Quando estão em jogo os direitos fundamentais do homem, nenhuma lei, feita pelos homens, pode subverter a lei escrita pelo Criador no coração do homem”. Assim, concluiu o Papa, “a lei natural torna-se verdadeira garantia, para se viver livre e no respeito da sua dignidade, protegido de toda manipulação ideológica e de todo livre arbítrio”. (Com Rádio Vaticano)