Bento XVI encerrou esta manhã o primeiro Consistório do seu pontificado, presidindo à celebração eucarística com os novos Cardeais, aos quais entregou o anel cardinalício como “símbolo de dignidade, solicitude pastoral e comunhão com a Sede de Pedro”. Na homilia da celebração, o Papa reflectiu sobre a ligação entre o “ministério petrino e o de Maria” e sobre a simbologia nupcial do anel, tendo voltado a dirigir-se aos Cardeais como o “Senado” do sucessor de Pedro. Assinalando a celebração da Solenidade litúrgica da Anunciação do Senhor, Bento XVI destacou “o princípio petrino da Igreja, à luz de um outro princípio, o mariano, que é ainda mais originário e fundamental”, na linha do pontificado de João Paulo II. A devoção mariana do Papa polaco permitiu, segundo Bento XVI, “tornar manifesta aos olhos de todos a presença de Maria como Mãe e Rainha da Igreja”. Essa presença, lembrou, foi mais sentida do que nunca no atentado do 13 de Maio de 1981 – João Paulo II atribiuiu a sua sobrevivência à intercessão da Virgem de Fátima. Após recordar o sofrimento do Papa Wojtyla no ano passado – por esta altura, já numa fase terminal -, Bento XVI assegurou que “o ícone da Anunciação faz perceber, com clareza, como tudo na Igreja sai dali, desse mistério de acolhimento do Verbo divino”. O Papa prosseguiu, na sua reflexão, para o símbolo do anel e o seu significado nupcial, “confirmando e reforçando o compromisso” que cada Cardeal assumiu para com a Igreja. Este anel, para além de simbolizar a dignidade da sua nova missão, deve levar os Cardeais a “guardar a Santa Igreja, esposa de Cristo”. Os Cardeais foram considerados “esposos da Igreja” e foi-lhes pedido que atendam ao “valor supremo da Caridade”, o maior de todos os carismas. “Quem ama, esquece-se de si mesmo e coloca-se ao serviço do próximo. Eis a imagem e o modelo da Igreja! Cada comunidade eclesial, como a Mãe de Cristo, é chamada a acolher com plena disponibilidade o mistério de Deus que vem habitar nela e a leva para os caminhos do amor”, disse. Em conclusão, Bento XVI convidou todos os fiéis da Igreja a rezar pelo Colégio Cardinalício, para que este “seja sempre mais ardente na caridade pastoral, para ajudar toda a Igreja a irradiar no mundo o amor de Cristo, o louvor e a glória da Santíssima Trindade”. Depois da homilia, teve lugar a entrega solene do anel aos Cardeais, que se aproximaram, um a um, do Papa. Bento XVI deixou-lhes o desafio de “anunciar o Evangelho, testemunhar Jesus Cristo, edificar a Igreja santa de Deus, abençoando todos e oferecendo a paz de Cristo”. “A vossa proximidade espiritual e concreta é um grande apoio para mim”, assegurou o Papa. Encerram-se assim três dias fortes para a vida da Igreja Católica que, muito provavelmente, se irão repetir no próximo ano. Bento XVI escolheu, em nome da colegialidade, promover Consistórios mais curtos, mas mais frequentes, para encontrar-se mais vezes com o seu “Senado”.