Bento XVI apela à reconciliação com a Igreja Ortodoxa

O primeiro encontro entre Bento XVI e o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, ficou marcado por um apelo em favor da reconciliação entre católicos e ortodoxos. “Que este encontro renove o nosso afecto mútuo, o compromisso comum para perseverar no itinerário que leva à reconciliação e à paz entre as Igrejas”, disse o Papa na oração que decorre, neste momento, na Catedral Patriarcal de São Jorge. Apesar de separadas de Roma desde o cisma de 1054, a Igreja Católica manifesta grande estima pelas Igrejas Ortodoxas e reconhece a sucessão apostólica dos seus bispos e a validade dos sacramentos nelas administrados. O Papa destacou os sete Concílios ecuménicos entre católicos e ortodoxos, “permanentes pedras milenares e guias ao longo do caminho para a plena unidade”. Bento XVI manifestou a sua “alegria” pela oportunidade de fazer esta visita, a primeira de um Papa em 27 anos, e agradeceu o “acolhimento fraterno” que lhe foi reservado. Para o Papa, apenas um “fundamento de amor recíproco” pode assegurar o desenvolvimento das relações entre as duas Igrejas, sendo fundamental “reforçar a dinâmica para uma compreensão recíproca e a busca da plena unidade”. Falando da Turquia como terra ligada à fé cristã, o Papa lembrou os mártires, monges, teólogos, pastores, santos e santas que Constantinopla viu nascer. Em especial, lembrou Gregório de Nazianzo e João Crisóstomo, Santos e Doutores da Igreja venerados no Ocidente e no Oriente. A doxologia de acção de graças pela chegada do Papa conclui-se, precisamente, com a veneração mútua das relíquias destes Santos, que foram entregues a Bartolomeu I por João Paulo II, a 27 de Novembro de 2004. O Patriarca ecuménico ofereceu a Bento XVI um “caloroso abraço” de boas-vindas, lembrando anteriores visitas de Paulo VI e João Paulo II: e o valor inestimável do encontro “no caminho da reconciliação, através do diálogo do amor e da verdade”. Também Bartolomeu I frisou a herança cristã desta terra, onde Santo André fundou a Igreja local de Bizâncio e o Imperador Constantino estabeleceu a “nova Roma”. O Patriarca lembrou os grandes Concílios da Igreja primitiva que se reuniram para formular os símbolos da fé e os mártires, discípulos, mestres desta Igreja. Bento XVI foi recebido na sede do Patriarcado com o repicar dos sinos. No aeroporto de Istambul, o Patriarca Ortodoxo de Constantinopla recebeu o Papa, revelando sentimentos de “alegria, honra e amor”. Ainda hoje, terá lugar um encontro privado com Bartolomeu I.

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