Bélgica: Investigação denuncia abusos sexuais da Igreja entre os anos 50 e 80 e suicídios

Uma comissão de investigação da Igreja Católica belga divulgou um relatório sobre os abusos sexuais praticados pela Igreja Católica nesse país, sustentando-se em centenas de relatos das supostas vítimas.

Segundo a investigação, esses testemunhos relatam casos de abusos a crianças que duraram décadas, entre os anos 50 e 80. Vítimas dos abusos sexuais de eclesiásticos, 13 das vítimas suicidaram-se e outras seis pessoas tentaram o mesmo acto, sem sucesso.

Peter Adriaenssens, o presidente da comissão responsável pela investigação, dá conta de 507 testemunhas. “As vítimas esperam e merecem uma Igreja valente, que não tenha medo de enfrentar a sua vulnerabilidade, que reconheça e que coopere para encontrarmos as respostas”.

A maioria destes casos chegou à comissão depois de Roger Vangheluewe, um bispo da Igreja ter sido demitido, acusado de violar o seu sobrinho entre 1973 e 1986. Desde a sua saída as denúncias multiplicaram-se.

Quase todos os violadores seriam membros eclesiásticos, mas há também denúncias a pessoas que aliciavam as crianças “depois da missa”, explica o relatório.

Das 507 vítimas, 327 são do sexo masculino e a maioria teria 12 anos de idade. No entanto, há testemunhos de violações a um bebé de apenas dois anos, cinco casos com crianças com quatro anos e oito de cinco anos. Segundo a «Associated Press», o relatório elaborado pela comissão dá conta de abusos praticados pelos clérigos, desde “sexo anal, oral, vaginal e outras barbaridades”.

A investigação revela que metade dos religiosos acusados já morreu e, mesmo nos casos em que os agressores ainda vivem, a maioria dos delitos prescreveu, pelo que os casos não podem ser levados à justiça.

Apesar do elevado número de exemplos, Peter Adriaenssens considerou o relatório “incompleto”, uma vez que toda a comissão se demitiu em Junho, alegando que a intervenção da justiça podia ameaçar o anonimato dos denunciantes.

A dimensão dos abusos sexuais cometidos por religiosos na Bélgica está a comover o país.

Com agências

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