Francisco encerra viagem com discurso na primeira igreja católica construída na Península Arábica
Manama, 06 nov 2022 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje com responsáveis da comunidade católica no Barém, constituída sobretudo por imigrantes de diversos países, elogiando o seu papel nesta sociedade “multirreligiosa e multicultural”.
“Sejamos sempre a favor do diálogo, tecedores de comunhão com os irmãos de outros credos e confissões”, apelou Francisco, na igreja do Sagrado Coração de Manama, capital do país, a primeira igreja católica da Península Arábica, construída em 1939.
Falando perante bispos, membros do clero e institutos religiosos, seminaristas e agentes pastorais, o Papa sustentou que, para “ser credíveis no diálogo com os outros”, os membros das comunidades católicas têm de viver a fraternidade entre si.
“Esta comunidade cristã que manifesta claramente o seu rosto católico, isto é, universal: uma Igreja habitada por pessoas provenientes de muitas partes do mundo, que se reúnem para confessar a única fé em Cristo”, assinalou.
Evocando as diferentes “histórias e rostos” dos presentes, Francisco refletiu sobre três “grandes dons” do Espírito Santo: a alegria, a unidade, a profecia.
“Não nos limitemos a repetir gestos por hábito, sem entusiasmo, nem criatividade, caso contrário perderemos a fé”, pediu.
O Papa afirmou que as divisões sociais e as diferenças étnicas, culturais ou de ritos (nas várias tradições católicas) “não podem ferir ou comprometer a unidade do Espírito”.
“Quando o Espírito do Ressuscitado desce sobre os discípulos, torna-se fonte de unidade e fraternidade contra todo o egoísmo; inaugura a linguagem única do amor”, indicou.
Os participantes no encontro pertencem ao chamado Vicariato Apostólico da Arábia do Norte, onde trabalham cerca de 60 sacerdotes e mais de 1300 catequistas entre cerca de 2 milhões de católicos presentes no Barém, Kuwait, Catar e Arábia Saudita.
Independentemente da cor da pele, da proveniência geográfica, da língua: todos reunidos numa só família, todos a cantar os louvores do Senhor. Esta é a força da comunidade cristã, o primeiro testemunho que podemos dar ao mundo”.
Francisco ouviu o testemunho de uma religiosa que trabalha na pastoral das prisões, acompanhando reclusas, e destacou que “é pela forma como se tratam os últimos que se mede a dignidade e a esperança duma sociedade”.
Entre os presentes estavam católicos libaneses, aos quais o Papa manifestou a sua “oração e solidariedade”, que estendeu a “todos os povos que sofrem no Médio Oriente”.
A intervenção convidou todos a rezar pela “martirizada Ucrânia”, para que “aquela guerra acabe”, e saudou o acordo de paz assinado na Etiópia, encorajando todos a apoiar este compromisso “para uma paz duradoura”, percorrendo as “vias do diálogo”.
No último discurso público da viagem, iniciada na quinta-feira, Francisco deixou um agradecimento a todos os que prepararam e acompanharam a visita, em particular ao rei e às autoridades do Barém pela “esmerada hospitalidade”.
Após a bênção e o cântico final, o Papa fez uma visita privada à igreja do Coração de Jesus, encerrando a sua breve passagem pela capital do Barém, onde chegou ao início da manhã.
A cerimónia de despedida acontece na Base Aérea de Awali, pelas 12h30 (09h30 em Lisboa), estando o regresso a Roma previsto para as 17h00 locais (menos uma em Lisboa).
OC