Aveiro: «A Banda Amizade foi capaz de estar sempre à frente do seu tempo» – Emídio Abrantes

Instituição com 188 anos aposta no ensino e valorização da música, apesar das dificuldades do contexto urbano

Foto: Banda Amizade

Aveiro, 02 set 2022 (Ecclesia) – O presidente da Banda Amizade de Aveiro, Emídio Abrantes, contou à Agência ECCLESIA que a Banda, com 188 anos de existência, tenta acompanhar o progresso e foi capaz de “estar sempre à frente no seu tempo”, apesar das dificuldades de estar em contexto urbano.

“Esta é a instituição cultural mais antiga de Aveiro, de forma ininterrupta, foi capaz de acompanhar os seus tempos, acompanhar o progresso e evolução da própria música e dos próprios instrumentos, e estar sempre à frente do seu tempo, procurando fazer a diferença para valorizar a música e os músicos”, afirma Emídio Abrantes à Agência ECCLESIA.

O presidente da Banda Sinfónica de Aveiro, designada Banda Amizade, recorda que há “histórias belíssimas da banda ainda antes da República”, como por exemplo “quando o rei se deslocava a Aveiro era esta a banda que o acompanhava”.

“As bandas tinham grande ligação militar e à Igreja, e construíam com a comunidade novas formas de relação e de lazer que era importante na altura e, acredito, que tenham sido esses os princípios que levaram à fundação da ‘Banda Velha’ que depois deu origem à Banda Amizade”, conta o responsável.

Segundo Emídio Abrantes, a Banda Amizade teve “sempre uma grande ligação à população local” e uma envolvência que é “tão necessária com as populações”.

“A população aveirense quando vê a banda diz ‘a nossa banda’, seja pela antiguidade ou pelo sítio que está localizada a nossa sede, que cria uma ligação com a população, que se mantém em meio urbano com as dificuldades que isso traz”.

Também Carlos Marques, maestro e diretor artístico da Banda Amizade, indica que “manter uma Banda em contexto urbano nem sempre é fácil”. 

“As ligações às instituições nem sempre é fácil, há muitas pessoas que vieram viver para Aveiro mas não são de cá e perde-se esta ligação, por exemplo, há 40 anos, Aveiro tinha cinco bandas atualmente resta a Banda Amizade, e somos das poucas bandas que existe numa capital de distrito, no centro da cidade.

Uma das dificuldades de uma banda em contexto urbano é a grande quantidade de “focos de interesse e ocupações para os jovens” e o maestro sente isso “como um desafio que tenta enfrentar com atividades apelativas”. 

“Uma das funções da banda é o ensino da música, temos uma escola de música e uma orquestra juvenil; somos procurados por jovens para se prepararem para entrar no Conservatório de Música de Aveiro, fomos pioneiros num projeto de ensino de música no primeiro ciclo, ainda antes de existirem atividades extra curriculares”, lembra.

Presente em vários momentos das festas e celebrações na cidade de Aveiro, a Banda Amizade “tem momentos altos no acompanhamento das procissões em tempo de Quaresma e Páscoa, no canto do miserere” e ainda na “festa da padroeira da cidade e da diocese”, Santa Joana Princesa.

Foto: AE/SN

A Banda Amizade conta atualmente com 70 elementos executantes, onde a “assiduidade não é uniforme, por motivos de trabalho ou estudo”, conta ainda com a orquestra juvenil com 25 músicos e a escola de música com 40 alunos.

Nestes dois anos de limitações devido à pandemia a Banda Amizade não parou e, segundo Carlos Marques, o “maior medo era as pessoas perderem o hábito de vir à banda”. 

“Inicialmente organizámos conversas e alguns encontros online entre músicos onde se falou de tudo, onde a banda foi presença na vida deles e das famílias e, quando foi possível dividimos a banda em grupos, fomos adaptando e fizemos gravações de vídeos com grupos mais pequenos na nossa sede e até um pequeno concerto que foi transmitido, online e em direto, para uma das grandes festas da cidade, o são Gonçalinho, sentimos mesmo que o importante era não parar”, relata.

A história e importância da Banda Sinfónica de Aveiro, Banda Amizade, através das duas entrevistas, é o mote do programa de rádio ECCLESIA deste sábado, 03 de setembro, pelas 06h00 na Antena 1 da rádio pública, ficando depois disponível online.

SN

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