Ásia: Papa denuncia tráfico de pessoas e exploração laboral, em encontro com bispos do continente

Francisco aponta desafios para região onde os católicos são minoria com dificuldades e «perseguida»

Fotos: Vatican News

Wat Roman, Tailândia, 22 nov 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco denunciou hoje na Tailândia o tráfico de pessoas e exploração laboral na Ásia, falando a uma representação dos bispos católicos deste continente.

“Carregais aos ombros as preocupações dos vossos povos ao ver o flagelo das drogas e o tráfico de pessoas, a necessidade de atender a um grande número de migrantes e refugiados, as más condições de trabalho, a exploração laboral sofrida por muitos, bem como a desigualdade económica e social que existe entre os ricos e os pobres”, disse aos bispos da Conferência Episcopal da Tailândia e da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas (FABC), no Santuário do Beato Nicolas Bunkerd Kitbamrung, localizado na aldeia católica de Wat Roman, arredores de Banguecoque.

A FABC é uma associação que reúne os membros das 19 Conferências Episcopais da Ásia, com sede em Hong Kong.

“Viveis num continente multicultural e multirreligioso, dotado de grande beleza e prosperidade, mas ao mesmo tempo provado por uma pobreza e exploração a vários níveis. Os rápidos progressos tecnológicos podem abrir imensas possibilidades para facilitar a vida, mas podem também suscitar um crescente consumismo e materialismo, sobretudo entre os jovens”, advertiu o Papa.

No terceiro dia da sua visita à Tailândia, Francisco evocou a figura do primeiro beato do país asiático, o padre Nicolau Bunkerd Kitbamrung, que morreu em 1944 e é reconhecido como mártir pela Igreja Católica, pela sua dedicação à evangelização e à catequese, que se estendeu a parte do Vietname e ao longo da fronteira com o Laos.

A intervenção recordou ainda o início da missionação católica neste território, “com coragem, alegria e uma resistência extraordinária”.

Os primeiros missionários a estabelecer-se no território tailandês (no antigo Reino do Sião) foram os dominicanos portugueses em 1567, seguidos pelos franciscanos e pelos jesuítas.

“Ousados, corajosos, porque sabiam, antes de mais nada, que o Evangelho é um dom para ser semeado em todos e para todos: doutores da lei, pecadores, publicanos, prostitutas, todos os pecadores de ontem e de hoje”, referiu Francisco.

O Papa sublinhou que a missão da Igreja Católica inclui qualquer “terra, povo, cultura ou situação”, porque “cada vida tem valor aos olhos do Mestre”.

Numa passagem improvisada, Francisco disse que há três meses recebeu no Vaticano a visita de um missionário francês que há cerca de 40 anos trabalha junto das tribos no norte da Tailândia, acompanhado por famílias jovens que são a primeira geração de católicos.

“Alguém poderia pensar: perdeste a vida com 50 pessoas, com 100 pessoas? Esta foi a sua semente”, observou.

O Papa pediu uma “Igreja em caminho, sem medo de descer à rua e tomar contacto com a vida das pessoas que lhe foram confiadas”.

“Quanto temos a aprender convosco que, apesar de serdes minoria – por vezes minorias ignoradas, obstaculizadas ou perseguidas – em muitos dos vossos países ou regiões, nem por isso vos deixais levar ou contaminar pelo complexo de inferioridade ou pela lamentação”, apontou.

Francisco falou num “martírio da dedicação diária” e elogiou o trabalho levado a cabo por leigos e leigas, num “exercício simples e direto de inculturação, não teórica nem ideológica, mas fruto da paixão por partilhar Cristo”.

O Papa cumprimentou cada bispo, antes de seguir para uma sala de conferências, próxima do santuário, onde se encontra em privado com membros da Companhia de Jesus, apontamento habitual nas suas viagens internacionais.

Francisco chegou à Tailândia esta quarta-feira, para a sua primeira visita ao país, que recebeu João Paulo II em 1984; este sábado, o Papa segue para o Japão, onde vai rezar em Nagasáqui e Hiroxima.

OC

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