O actual estilo de vida deixa «cada vez mais perdedores pelo caminho» – sublinhou Joana Rigato na Semana da Pastoral Social.
Anualmente, são gastos 450 mil milhões de euros para “convencer as pessoas a comprarem coisas, quando bastaria 1/10 desse valor para garantir uma vida digna para todos!” – disse Joana Rigato, elemento da Comissão Nacional Justiça e Paz, na XXVI Semana da Pastoral Social.
A decorrer em Fátima, de 14 a 16 deste mês, esta semana é subordinada ao tema «Dar-se de Verdade – Para um desenvolvimento solidário». Na conferência sobre «Questões do debate social contemporâneo: uma leitura dos problemas mais relevantes», Joana Rigato realça que o problema central reside na sociedade de consumo.
O estilo de vida actual, apesar de todas as suas vantagens, baseia-se num “modelo com gravíssimas lacunas” com “danos colaterais incalculáveis” e que produz “uma crescente desigualdade”. Isto porque, se “não há (nem pode haver) o suficiente para todos, ou se dividem os recursos equitativamente, ou haverá cada vez mais perdedores pelo caminho” – frisou a oradora
As diferenças na “pegada ecológica” mostram clareza. Se todos os recursos do planeta fossem divididos “equitativamente pela população mundial e utilizados de forma sustentável, foi calculado que cada pessoa deveria consumir o equivalente a cerca de 2 hectares de terra por ano”. A média mundial já é superior a este valor, situando-se nos 2,85 hectares por ano. Ora, em África, “a pegada ecológica média é de apenas 1,5 hectare; já na Europa Ocidental chega a 6 hectares, enquanto que nos Estados Unidos corresponde a 12 hectares per capita, isto é, 425% a mais do que a média mundial, o que significa que um americano médio equivale, em termos de impacto ecológico, a cerca de dez africanos ou asiáticos” – dados apresentados por Joana Rigato.
“A gravidade da situação torna-se mais assustadora quando nos apercebemos de que nas últimas três décadas 1/3 dos recursos do nosso planeta foram consumidos. Mais do que alguma vez acontecera desde o aparecimento da humanidade na Terra” – acrescenta.
Recuperar o “valor da sobriedade” é uma opção de fundo, motivada “por critérios tão éticos quanto estéticos, já que não só passa só pela adopção de um estilo de vida social e ecologicamente responsável, como é também uma escolha sensata no sentido da promoção de melhor qualidade de vida, em sentido profundo” – conclui Joana Rigato.