Um ano antes da data prevista para a sua realização, foi apresentada no dia 4 de Novembro de 2009, nas instalações do Centro de Cultura Católica do Porto, o Congresso Internacional Ordens e Congregações Religiosas em Portugal: Memória, Presença e Diásporas. O Congresso assinalará o centenário da Expulsão das Ordens e Congregações durante a I República e realizar-se-á nos dias 2, 3 e 4 de Novembro de 2010 na Fundação Calouste Gulbenkian.
A sessão, a que presidiu o Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, contou com a presença do Presidente da Comissão Científica, Luís Machado de Abreu, da Universidade de Aveiro, com o Presidente da Comissão Organizadora e coordenador geral da organização do Congresso, José Eduardo Franco, da Universidade de Lisboa, do Padre Manuel Joaquim Gomes Barbosa, Presidente da Conferência do Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), entre religiosos, religiosas e leigos ligados à organização. Nessa mesma tarde se realizou uma reunião da Comissão que está a preparar o acontecimento.
São numerosas as instituições promotoras, entre organizações da Igreja Católica e diversos institutos das Universidades de Lisboa, do Porto, de Aveiro, do Minho e da Universidade Católica. É ainda patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
O Bispo do Porto abordou o significado do Centenário, evidenciando a questão da expulsão das Ordens pela I República, salientando no entanto que esse fenómeno já tinha ocorrido antes, quer no tempo do Iluminismo (com a expulsão dos Jesuítas), quer no período da afirmação do Liberalismo, pela expulsão decretada em 1833-34, considerando mesmo que a expulsão pela República já estava pensada ainda no tempo da Monarquia, entretanto derrubada. Como causa ideológica, apontou que a mentalidade liberal, acentuando a preponderância do indivíduo, convivia mal com os conselhos evangélicos (a pobreza, a obediência e a castidade ou o carácter celibatário do seus membros). Por isso acentuou que a realização deste Congresso, aspecto em que foi secundado pelos restantes membros da organização, deve criar na sociedade portuguesa a consciência do papel religioso, mas também social e cultural, que as Ordens Religiosas representaram e representam na sociedade.
Entretanto a organização salienta desde já as raízes profundas das Ordens, que se encontram “nos primeiros séculos do Cristianismo, nesse intenso movimento de procura do encontro com Deus protagonizado pelos Padres do Deserto a partir do século IV”. Analisando o seu grande desenvolvimento ao longo de toda a Idade Média, salientam a nova dimensão ou renovação proposta pelo Concílio Vaticano II (1962-65) “no modo de encarar o papel das Ordens e Congregações religiosas, no quadro de um novo entendimento do papel destas na Igreja e da missão da própria Igreja no mundo contemporâneo. Elas emergem assim, no âmbito de uma vocação comum dos cristãos à santidade, como testemunho privilegiado da radicalidade inerente ao seguimento de Jesus”.
Por isso se entende que “a realização de um congresso sobre Ordens e Congregações religiosas em Portugal, no enquadramento temporal das celebrações do primeiro centenário da República, visa constituir um contributo” para a “história e os contornos da presença destas instituições na sociedade portuguesa”, pretendendo “criar um espaço de reflexão renovada sobre as problemáticas que rodeiam a própria história das Ordens e das Congregações”, na “rica e complexa história da sua presença entre nós”, com objectivos como: Analisar criticamente as coordenadas da presença das Ordens e Congregações em Portugal, tanto na dimensão religiosa e eclesial como na sua inserção na sociedade e na história da nação e cultura portuguesas e seu contributo para o património colectivo, “desde a evangelização à espiritualidade, à assistência, à saúde, ao ensino, à economia, à literatura, à música, à arquitectura, ao património e às artes em geral”. Um amplíssimo campo de trabalho e vida. Inf. completas em www.congressoordens2010.net.