Apresentação da igreja da Santíssima Trindade

Palavras do Reitor do Santuário de Fátima Prevê o Ritual da Dedicação das igrejas que um dos responsáveis pela construção do novo espaço sagrado o apresente e entregue, simbolicamente, aos representantes da hierarquia eclesial. Peço então licença para indicar algumas linhas de leitura para o edifício que agora vamos dedicar à Santíssima Trindade. 1. A razão próxima desta igreja foi, é, e esperamos que sempre será, o serviço dos peregrinos, que não cessam de afluir a Fátima. O progresso, económico, cultural e social, vem-nos exigindo que ofereçamos aos fiéis um conforto não muito inferior ao que usufruem em suas casas, poupando-os aos incómodos do tempo e da posição de pé, como já recomenda o Vaticano II: «Na construção de edifícios sagrados, tenha-se grande preocupação de que sejam aptos para lá se realizarem as acções litúrgicas, e permitam a participação activa dos fiéis.» (SC 124). 2. Ao cabo de longos estudos, acabámos por decidir-nos por duas áreas: o espaço em que nos encontramos, e um outro, em subterrâneo, destinado ao sacramento da Reconciliação, e a grupos menores. A razão determinante para a preferência do júri por esta proposta pode ter sido a vantagem de uma aula onde a pluralidade dos fiéis pudesse sentir melhor a sua unidade. (Cf.Ef 4, 4-7). Tal como a Cova da Iria, que Nossa Senhora escolheu para sua casa, este espaço, em forma de concha, faz lembrar o colo materno, imagem perfeita do acolhimento a que aspiramos. Não há barreiras arquitectónicas. Todos estamos presentes a todos. Sem obstáculos visuais. Sem ruídos, nem de sons, nem de cores, nem de volumes. Durante todo o dia, a assembleia é acarinhada por uma abundante luz solar. A acústica do espaço favorece o ouvido, porta da fé, para que se concentre na Palavra de Deus, e se encha de enlevo, na harmoniosa combinação de vozes, ecos e reverberações. 3. Fátima torna-se desde hoje, de modo bem mais explícito, Santuário da Santíssima Trindade. As treze portas desta igreja lembram o Colégio Apostólico, presidido por Jesus, o grande revelador de Deus, uno e trino. A Ele e à Trindade Santa é consagrada a porta principal, uma criação difusa, como as águas primigénias do Génesis onde pairava o Espírito de Deus (Gen 1,2); e ainda, do mesmo artista português, os 20 mistérios do rosário, tudo fundado em largos painéis com frases bíblicas, nas várias línguas dos nossos peregrinos, dispostas em vidro, por um autor canadiano. De Chipre nos vieram os anjos músicos das duas vigas principais: lembram a oração do Anjo da Loca, onde fomos haurir a convicção de que Fátima deve promover o culto da Santíssima Trindade. Quando entramos no templo, sentimo-nos atraídos para este grande painel do presbitério, obra de um artista da Eslovénia, e para o crucifixo, realizado por uma artista da Irlanda. A Cruz cá dentro, como a Cruz alta lá fora, é o grande sinal que sempre temos de propor aos peregrinos, pois sem o amor à Cruz deixariam de ser cristãos. Mas não sendo a Cruz senão o caminho necessário para a glória, repousa o nosso olhar, como em fundo de eternidade, sobre a imagem da Jerusalém Celeste, onde a assembleia cristã espera viver para sempre, na glória do Cordeiro de Deus, depois de trilhar na terra os seus caminhos. Sobeja justificação para a imagem branca de Nossa Senhora de Fátima. Talhada em mármore de Carrara, por um mestre italiano, os seus braços abertos são um convite de Maria, para que busquemos, em seu Coração Imaculado, a luz e a paz que aqui nos veio oferecer. Termino com uma chamada de atenção para a pequena gruta que se abre no sopé do altar. Destina-se a uma preciosa pedra, tirada do túmulo de S. Pedro. É mais um dom da gratidão de João Paulo II. Demos-lhe o melhor lugar, ao centro, em frente, e por baixo do altar, para que seja incentivo à unidade com o sucessor de Pedro. No longo e duro cortejo da Igreja em todo o século XX, objecto da parte final do Segredo de Fátima, vai à frente um Bispo, vestido de branco, que sobe penosamente em direcção a uma cruz, no alto da montanha. Aí, ele é o primeiro a sofrer o martírio, às mãos dos soldados da cidade, meio em ruínas, que ficou cá em baixo. Os Pastorinhos identificaram o Bispo vestido de branco com o Santo Padre. Lúcia diria mais tarde que essa profecia se realizou em João Paulo II. Sendo assim, respira-se, nesta pedra, a fé de Pedro, e o perfume do Papa que Deus mais envolveu no mistério de Fátima. 4. Senhor Cardeal Legado! Senhor Bispo de Leiria-Fátima! Não podendo ter connosco os representantes de todas as empresas que colaboraram nesta obra, peço licença para apresentar alguns dos principais. Antes devo nomear e agradecer ao Senhor Bispo emérito de Leiria-Fátima, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, aqui presente, a quem coube a responsabilidade de aprovar este longo processo. Convido a subirem aqui 3 elementos da empresa SOMAGUE, que ganhou, por mérito, os dois principais concursos para a construção. Convido o Senhor Arquitecto Alexandre Tombazis, com a sua equipa de mais três arquitectos, cujo projecto mereceu o primeiro lugar, em concurso internacional. A seguir, três dirigentes da empresa FASE, que teve a seu cargo a coordenação do projecto e a delicada tarefa de fiscalizar a execução; Chamo ainda os dois leigos e três sacerdotes do Serviço de Ambiente e Construções (SEAC), aos quais desejo muito dizer, hoje, uma palavra de sentida gratidão. Obedecendo ao ritual, peço agora ao Sr. Arquitecto Corsepius, director do SEAC, que entregue nas vossas mãos uma grande chave. Por esta entrega reconhecemos a vossa autoridade sobre todas as portas destes espaços. (Arquitecto Corsepius faz a entrega) 5. Gratos a Deus e a tantos irmãos por tanta ajuda, invocamos sobre todos a intercessão dos beatos Francisco e Jacinta, e o carinho maternal de Nossa Senhora. E que os Anjos nos ensinem a grandeza de Deus, para que louvemos, agora e sempre, a Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo. Ámen. Fátima 12 de Outubro de 2007, 90º Aniversário da última aparição de Nossa Senhora. P. Luciano Guerra, reitor do Santuário de Fátima

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