Ano Paulino na Diocese do Porto

Nota Pastoral convida a «aprofundar a consciência da nossa responsabilidade e compromissos apostólicos» Na homilia da Missa Crismal, em 20 de Março de 2008, depois de ouvir, no Evangelho proclamado, Jesus a anunciar que tinham sido cumpridas ali na sinagoga de Nazaré, naquele “hoje” de Deus, as palavras do profeta Isaías que acabara de ler, propus à diocese, na tentativa de actualizar esse “hoje” e advertindo que “como a iniciativa é do Espírito, assim também o programa está feito no que tem de permanente”, o que intitulei: “Um “programa” libertador: corresponsabilidade para a nova evangelização”. E convidando todos, clérigos, consagrados e leigos a empenhar-se “em corresponsabilidade activa e criativa”, apontei como meta “uma grande missão diocesana”, a culminar a primeira década deste século e milénio, no ano de 2010. E permiti-me insistir: “É urgente evangelizar! Urgente evangelizar o meio envolvente, que tanto ganhará no reencontro com o Evangelho de Cristo! Urgente evangelizar a cultura e evangelizar na cultura, para que os diversos sectores e ambientes se refresquem na água viva do Espírito! Urgente incentivar o testemunho laical, da família à escola, da escola à profissão, da prisão ao hospital, ao tempo livre até, para que realmente liberte.” E para a efectivação deste projecto, invoquei a protecção de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da Diocese e S. Paulo, “que a Igreja retoma como mestre e estímulo de toda a evangelização” no ano que lhe vai ser dedicado neste segundo milénio do seu nascimento. O Ano Paulino, proclamado por Bento XVI com início em 28 de Junho de 2008 e termo em 29 de Junho de 2009, é-nos oferecido como uma feliz e eficaz oportunidade para que, à luz do seu exemplo e da sua entrega à causa do Evangelho, possamos aprofundar a consciência da nossa responsabilidade e compromissos apostólicos e “progredir na busca humilde e sincera da plena unidade de todos os membros do Corpo Místico de Cristo”, conforme as próprias palavras do Santo Padre”. É impressionante o seu itinerário desde perseguidor da Igreja até apóstolo das Nações. Tudo começou com o seu encontro, a caminho de Damasco, quando foi posto em causa o sistema de valores de que se orgulhava e que abandonou como “perda, diante do bem superior que é o conhecimento do meu Senhor, Jesus Cristo” (Fil. 3, 8). A partir daí, a sua vida passa por uma total renovação e adquire um ritmo alucinante marcado pela consciência de uma obrigação que lhe foi imposta e que o leva a exclamar: “ai de mim, se eu não evangelizar!” e que ele executa, “pregando e Evangelho” de modo desinteressado e gratuito, “sem (se) fazer valer dos direitos que o seu anúncio (lhe) confere” (1 Cor. 9, 16- 18). Na Segunda Epístola a Timóteo, no chamado “testamento do Apóstolo”, ao jeito dos discursos de adeus, são-lhe atribuídas expressões em que a morte é evocada como o dom de um sacrifício, chegada à meta definitiva, ocasião para testemunhar que, ao longo de uma vida tão rica e tão cheia, combateu o bom combate, guardou fidelidade a Deus e pode legitimamente esperar a coroa de vencedor (2 Tim. 4, 6-8). O Ano Paulino vai permitir-nos venerar de um modo especial a memória do Apóstolo das Nações, conhecer melhor esta figura extraordinária da história do Cristianismo, penetrar na riqueza das suas Cartas que são o património mais antigo do Novo Testamento, abrir-nos à contemplação do mistério de Cristo e da Sua Igreja e fortalecer a nossa consciência de que somos filhos de Deus, membros da Igreja, promotores da nova evangelização para o nosso tempo. Como em todo o Ano Jubilar, haverá neste Ano Paulino sinais e símbolos que atestam a fé e favorecem a devoção dos fiéis. O Papa, no dia 28 de Junho de 2008, abrirá uma “Porta Paulina” (simétrica à Porta Santa) na Basílica papal de S. Paulo na Via Ostiense, dando assim início às peregrinações a locais escolhidos (12 em Roma) e será acesa a Chama Paulina que arderá ao longo de todo o ano. Outro elemento constitutivo do evento jubilar é o dom das Indulgências que o Santo Padre oferece a toda a Igreja mediante o cumprimento de determinadas condições. Haverá também celebrações jubilares, encontros de oração e de formação, retiros, jornadas pastorais, exposições, etc. Possamos, todos nós, crescer na nossa conformação com Cristo e na nossa responsabilidade e ardor apostólico, à imagem e sob a protecção de S. Paulo. Em ordem a isso, apresento à diocese algumas propostas de celebrações e eventos jubilares, a programar e organizar nas quatro regiões pastorais, vigararias, paróquias e grupos apostólicos, a que se junta uma selecção de temas de reflexão e fichas de leitura para a lectio divina. Estes são esquemas a utilizar com liberdade e criatividade, de modo a adaptar-se aos objectivos em vista. Também recomendo de modo especial um itinerário catequético, elaborado pela Conferência Episcopal Portuguesa, Um ano a caminhar com S. Paulo, que propõe um tema para cada semana do ano (52) e que de muita utilidade será para os fiéis individualmente, famílias, grupos paroquiais, pastoral juvenil, Movimentos. Porto, 27 de Junho de 2008 + Manuel Clemente, Bispo do Porto + António Taipa, Presidente da Comissão Diocesana do Ano Paulino

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