Ano da Vida Consagrada: Oportunidade para dar a conhecer vidas e trabalho desconhecido

Religiosos acreditam que «este não será apenas mais um ano temático»

Lisboa, 01 dez 2014 (Ecclesia) – O Ano da Vida Consagrada é uma oportunidade para divulgar na sociedade o trabalho desenvolvido por leigos e religiosos que através dos conselhos evangélicos da pobreza, castidade e obediência, vivem no mundo “um sinal do reino”.

“A vida consagrada não é muito falada. Nós falamos com crianças e elas não sabem o que é, quando na realidade a consagração é uma presença fundamental para a Igreja”, sublinha à Agência ECCLESIA o padre Miguel Ribeiro, missionário espiritano de 37 anos, religioso desde 2006.

O papa Francisco propôs que a Igreja católica vivesse um tempo, entre 30 de novembro de 2014 e 2 de fevereiro de 2016, onde a ação dos consagrados, religiosos e leigos consagrados, estivesse no centro, dando testemunho, “com diferentes carismas e espiritualidades”, de um trabalho realizado em prol de “uma sociedade mais justa e fraterna”.

Leiga consagrada, pelo Instituto Secular das Cooperadoras da Família, Elizabete Puga reconhece que o serviço realizado por pessoas que “mantêm a sua profissão e estão inseridas na sociedade, vivendo os conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência” causa estranheza.

Nesse sentido, este ano proposto pelo Papa, torna-se “essencial”.

“Os institutos seculares são ainda mais desconhecidos e é essencial dar a conhecer porque ninguém ama o que não conhece”, sublinha a professora, de formação, e cooperadora da Família há 10 anos.

Responsável pela paróquia da Abóboda, no Patriarcado de Lisboa, o missionário espiritano assume que os seus paroquianos o reconhecem, inicialmente, como “sacerdote e só depois como religioso”.

“Começam a identificar o religioso quando conhecem a comunidade onde vivo (Torre da Aguilha, ndr), conhecem outros confrades a participar em trabalhos na paróquia. Percebem que a paróquia não é do padre Miguel, nem do padre Andrade que está ali há quase 60 anos, mas de uma congregação que assumiu, a pedido de um bispo, o cuidado de uma comunidade”, sendo este “um testemunho não de um trabalho, mas de um serviço à Igreja”.

Elisabete Puga é responsável pela pastoral juvenil e vocacional das Cooperadoras da Família e passa muito do seu tempo na escola profissional que o Instituto secular detém em Lisboa onde, para além das atividades de lecionação e de pastoral, disponibiliza o seu tempo para estar juntos dos jovens.

“Cada vez me convenço mais que há-de ser o testemunho, a forma como acolho e estou junto das pessoas, como tento transmitir o que escolhi e vivo na entrega total a Deus, que posso marcar os outros pela diferença”.

Esta leiga consagrada de 35 anos, que fez os votos perpétuos em agosto último, considera que os conselhos evangélicos que vive são “um ato de amor” que “continuam a interpelar os mais novos”.

“Quando começam a perceber que afinal somos pessoas normais, esperam muito de nós: uma coerência, que marquemos a diferença também nas suas vidas. Não há tanta indiferença junto dos jovens como se diz, mas uma procura e um desejo de conhecer e saber mais”.

Para o missionário espiritano, que desenvolve a sua missão numa “comunidade de milhares de habitantes onde apenas cerca de 300 pessoas participam na eucaristia”, mais importante do que questionar a opção de celibato e pobreza importa “perceber o que Deus quer da vida de todos a pessoas, não apenas de uns eleitos”.

“Mais importante é perceber o que Deus quer de cada um, aceitar caminhar, sem dar passos em falso, ao ritmo de Deus. É possível”.

A conversa com a leiga consagrada Elisabete Puga e o missionário espiritano Miguel Ribeiro pode ser acompanhada no programa de rádio de domingo na Antena 1.

LS

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