Viver como pessoas felizes
Felizes são aqueles que constroem a sua vida à luz dos valores propostos por Deus. Infelizes são os que preferem o egoísmo, o orgulho e a autossuficiência. É este o tom da Evangelho deste 6.º Domingo do Tempo Comum.
A essa luz se deve escutar a primeira leitura que põe frente a frente a autossuficiência daqueles que prescindem de Deus e escolhem viver à margem das suas propostas, e a atitude dos que escolhem confiar em Deus e entregar-se nas suas mãos. O profeta Jeremias avisa que prescindir de Deus é percorrer um caminho de morte e renunciar à felicidade e à vida plenas. Nas suas palavras, «maldito quem confia no homem e põe na carne toda a sua esperança, afastando o seu coração do Senhor. Bendito quem confia no Senhor e põe no Senhor a sua esperança».
Tudo isso ganha pleno sentido com a fé na ressurreição de Cristo. Como diz Paulo na segunda leitura, «se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé». Em Cristo ressuscitado assenta o caminho de santidade e felicidade.
Voltemos ao Evangelho de hoje na versão das bem-aventuranças segundo São Lucas. Há diferenças entre esta versão e a de São Mateus, geralmente mais conhecida. Mateus apresenta nove bem-aventuranças, Lucas somente quatro. Mateus diz que Jesus subiu a montanha, Lucas diz que Ele desceu da montanha. Uma contradição apenas aparente. Dois relatos complementares.
Para escutar as bem-aventuranças em Mateus, é preciso subir à montanha, elevar-se, subir para Deus. Para viver segundo o espírito do Evangelho, não nos podemos fechar nos estreitos limites da terra. É preciso subir, respirar um ar mais puro, mais transparente. Isso exige certamente esforço, pois trata-se de deixar o Espírito soprar em nós o ar de Deus. É preciso esforço, tal como para subir uma montanha é preciso treino, paciência e também silêncio, atenção interior. Mas isso não significa que devemos desinteressar-nos desta vida muito concreta, da vida ordinária de todos os dias. É preciso descer da montanha. O Evangelho não é uma droga que nos faz ver um mundo desencarnado. Jesus quer encontrar-nos na planície das nossas vidas muito reais, tal como está expresso nas situações das bem-aventuranças. Os ricos de que fala Lucas são infelizes porque, no fundo, se esquecem de sair de si mesmos, de subir à montanha para respirar o ar de Deus.
Levemos para as nossas vidas as palavras de felicidade escutadas neste domingo, transformando-as em atitudes de alegria e encontro com os outros, transmitindo felicidade àqueles que vivem por vezes infelizes ao nosso lado, a começar pelos que estão na nossa casa, no nosso trabalho, na nossa escola, na nossa comunidade, na nossa paróquia. Vivamos como pessoas felizes.
Manuel Barbosa, scj
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