Transformados no amor da Trindade
A Solenidade da Santíssima Trindade que hoje celebramos convida-nos a contemplar Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.
Na primeira leitura, o Deus da comunhão e da aliança, apostado em estabelecer laços familiares com o homem, apresenta-Se como clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia.
Na segunda leitura, Paulo expressa a realidade de um Deus que é comunhão, que é família e que pretende atrair os homens para essa dinâmica de amor, através da fórmula litúrgica com que iniciamos a Eucaristia: “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”.
No Evangelho, João convida-nos a contemplar Deus cujo amor pelos homens é tão grande a ponto de enviar ao mundo o seu Filho único; e Jesus, o Filho, cumprindo o plano do Pai, fez da sua vida um dom total, até à morte na cruz, a fim de oferecer aos homens a vida definitiva. Nesta fantástica história de amor, que vai até ao dom da vida do Filho único e amado, plasma-se a grandeza do coração de Deus.
A celebração da Solenidade da Santíssima Trindade não pode ser a tentativa de compreender e decifrar uma espécie de charada de “um em três”. Dizer que há três pessoas em Deus, como há três pessoas numa família – pai, mãe e filho – é afirmar três deuses e é negar a fé; inversamente, dizer que o Pai, o Filho e o Espírito são três formas diferentes de apresentar o mesmo Deus, como três fotografias do mesmo rosto, é negar a distinção das três pessoas e é também negar a fé. A natureza divina de um Deus, que é amor, família, comunidade, expressa-se na nossa linguagem imperfeita das três pessoas. O Deus família torna-se trindade de pessoas distintas, porém unidas. Chegados aqui, temos de parar, porque a nossa linguagem finita e humana não consegue dizer o indizível, não consegue definir o mistério de Deus. Resta-nos contemplar e adorar a Trindade.
Essa adoração leva-nos a servir, a ter atitudes concretas da presença do amor de Deus em nós. Nesse sentido, importa reler a segunda leitura de Paulo: «Sede alegres, trabalhai pela vossa perfeição, animai-vos uns aos outros, tende os mesmos sentimentos, vivei em paz. E o Deus do amor e da paz estará convosco. Saudai-vos uns aos outros com o ósculo santo. Todos os santos vos saúdam. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco».
No início da missa respondemos: «Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo». No final, poderíamos dizer: Bendito seja Deus que nos envia em missão no amor de Cristo». Que assim seja nesta semana, transformados pelo amor da Trindade!
Manuel Barbosa, scj
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