Acolher a luz e pôr-se a caminho
A liturgia deste domingo da Epifania do Senhor celebra a manifestação de Jesus, luz que encarna e ilumina os nossos caminhos, conduzindo-nos ao encontro da salvação, da vida definitiva.
A primeira leitura anuncia a chegada da luz salvadora de Deus, que transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo.
A segunda leitura apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos, a comunidade de Jesus.
No Evangelho, vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os magos do oriente, representantes de todos os povos da terra. Reconhecem a luz da salvação e adoram o Messias.
Mateus apresenta-nos as atitudes de várias personagens em confronto com Jesus: os magos em adoração; Herodes em rejeição total; os sacerdotes e os escribas em indiferença.
Os magos são apresentados como os homens dos sinais, que sabem ver na estrela o sinal da chegada da libertação. Como eles, sejamos pessoas atentas aos sinais, sejamos capazes de ler os acontecimentos da nossa história e da nossa vida à luz de Deus, procuremos perceber a vontade de Deus nos sinais que aparecem no nosso caminho.
Os magos viram a estrela, deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus. Como eles, sejamos capazes da mesma atitude de desinstalação, não fiquemos demasiado agarrados aos nossos sofás e colchões, às nossas televisões e aparelhagens, às nossas navegações nas redes sociais. Procuremos deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz através dos irmãos.
Os magos representam as pessoas de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo, que acolhem a proposta libertadora que Ele traz e que se prostram diante d’Ele. É a imagem da Igreja, essa família de irmãos de muitas cores e raças, que aderem a Jesus e O reconhecem como o seu Senhor.
Ponhamo-nos a caminho. Mesmo não sabendo exatamente como será a aventura, tenhamos confiança, ergamos os olhos com esperança. A luz vem de Deus, deixemo-nos iluminar. Procuremos sem cessar, não tenhamos demasiadas certezas. Tenhamos somente convicções, descubramos os sinais da sua presença. Como os magos, ofereçamos presentes: a oração, o respeito e a atenção a cada pessoa. Procuremos agradar a Deus e aos irmãos. Aceitemos começar um novo caminho.
Que o espírito do Natal e da Epifania se mantenha ao longo de 2020. Deixemo-nos interpelar por Deus e pelo seu Evangelho, levado com alegria e esperança junto dos homens e mulheres do nosso tempo.
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org