Ano A – 31.º Domingo do Tempo Comum

Viver com coerência e verdade

A liturgia da Palavra do 31.º Domingo do Tempo Comum convida-nos a uma reflexão sobre a seriedade, a verdade e a coerência do nosso compromisso com Deus e com o Reino, do nosso real empenho na construção de comunidades comprometidas com os valores do Evangelho.

Na primeira leitura, um mensageiro de Deus interpela os sacerdotes de Israel a não se deixarem dominar por interesses egoístas, a não negligenciarem os seus deveres, a não desvirtuarem a Lei, mas a serem «mensageiros do Senhor do universo», para ensinar a Lei e para conduzir o Povo para Deus.

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de Paulo, Silvano e Timóteo. Do seu esforço missionário feito com amor e humildade, com simplicidade e gratuidade, nasce a comunidade viva e fervorosa de Tessalónica, que acolhe o Evangelho como um dom de Deus, que se compromete com ele e que o testemunha com verdade e coerência.

O Evangelho apresenta-nos o grupo dos fariseus e o seu modo de proceder, e convida os crentes a não deixarem que atitudes farisaicas, como a incoerência, o exibicionismo, a insensibilidade ao amor e à misericórdia, se introduzam na família cristã e destruam a fraternidade, fundamento da comunidade.

Jesus, ao criticar a incoerência dos fariseus, está a avisar-nos contra a tentação de mostrarmos o que não somos, de vendermos uma imagem corrigida e aumentada de nós próprios para obtermos o aplauso e admiração dos outros, de vivermos para as aparências e não para o compromisso simples e humilde com o Evangelho. A mentira e a incoerência destroem a paz do nosso coração, roubam-nos a alegria e a serenidade, comprometem o nosso testemunho, minam a comunidade e põem em causa os fundamentos do Reino.

«Um pouco de coerência», parece dizer Jesus aos seus discípulos, a todos nós, pondo-nos de sobreaviso em relação àqueles que «dizem e não fazem». Jesus pode falar porque todo Ele é coerência: tudo o que disse fez. Não se limitando a belos discursos e pios conselhos, Ele próprio experimenta o que pede aos seus discípulos. Nisso Jesus é credível. Podemos confiar n’Ele. Não é isso a fé: ter confiança n’Aquele que faz o que diz? Ao ressuscitá-l’O, Deus seu Pai autentificará a mensagem de Jesus e o seu testemunho em plena unidade.

Somos chamados a permanecer em coerência de vida que brota do acolhimento do Evangelho, no dizer de São Paulo, não como palavra humana, mas como ela é realmente, palavra de Deus, que permanece ativa em nós, os crentes.

Que seja a Palavra de Deus a base do nosso agir em verdade e em coerência, atitudes bem exigentes nas difíceis situações da nossa vida peregrina.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

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