Prioridades da vida cristã
Como cristãos, devemos construir a nossa vida sobre os valores e prioridades propostos por Jesus. É este o tom da liturgia deste 17.º Domingo do Tempo Comum.
A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de Salomão, rei de Israel, como modelo do homem sábio, que consegue perceber e escolher o que é importante, não se deixando seduzir e alienar por valores efémeros. Salomão recebe de Deus um «coração sábio e esclarecido».
A segunda leitura recorda-nos que seguir o caminho de Jesus é o valor mais alto, que deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas.
No Evangelho, recorrendo à linguagem das parábolas do tesouro, da pérola e da rede com os peixes, Jesus recomenda aos seus seguidores que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental. Face ao supremo tesouro que é o Reino, todos os outros valores e interesses devem passar para segundo plano.
Os cristãos vivem no meio do mundo e são todos os dias desafiados pelos esquemas e valores do mundo; mas não podem deixar que a procura dos bens seja o primeiro objetivo das suas vidas, pois o Reino é partilha.
Os cristãos estão permanentemente mergulhados num ambiente em que a força e o poder aparecem como o grande ideal; mas não podem deixar que o poder seja o seu objetivo fundamental, porque o Reino é serviço.
Os cristãos são todos os dias convencidos de que o êxito profissional, a fama a qualquer preço são condições essenciais para triunfar e para deixar a sua marca na história; mas não podem deixar-se seduzir por esses esquemas, pois a realidade do Reino vive-se na humildade e na simplicidade.
Os cristãos fazem a sua caminhada num mundo que exalta o orgulho, a autossuficiência, a independência; mas já aprenderam, com Jesus, que o Reino é perdão, tolerância, encontro, fraternidade.
Diante desta proposta radical, interroguemo-nos: O que é que comanda a nossa vida? Quais são os valores pelos quais somos capazes de deixar tudo? Que significado têm as propostas de Jesus na nossa escala de valores?
A decisão pelo Reino, uma vez tomada, não admite meias tintas, tibiezas, hesitações, jogos duplos, incoerências. Escolher o Reino é optar radicalmente por Deus e pelos valores do Evangelho.
«Pede o que quiseres…»: é a interpelação de Deus a Salomão. Se a mesma questão nos fosse posta hoje, qual seria a nossa resposta? Qual o tesouro pelo qual estamos dispostos a sacrificar tudo? «Um coração sábio e esclarecido, que escute e saiba discernir o essencial do acessório!» Como Salomão e acolhendo o convite de Jesus, procuremos rezar e praticar na nossa vida os valores que a Palavra de Deus nos apresenta hoje como essência da vida cristã.
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org