Ano A – 12.º Domingo do tempo comum

Deus cuida de nós

As perseguições e as dificuldades estão sempre no horizonte da vida do discípulo missionário, mas a solicitude e o amor de Deus não abandonam o discípulo que dá testemunho da salvação de Deus. É nesta tonalidade que podemos acolher a Palavra de Deus neste 12.º Domingo do Tempo Comum.

A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de Jeremias, paradigma do profeta sofredor, que experimenta a perseguição, a solidão e o abandono por causa da Palavra. Mas Jeremias nunca deixa de confiar em Deus e de anunciar as propostas de Deus com coerência e fidelidade.

Na segunda leitura, Paulo demonstra aos cristãos de Roma, e a todos nós hoje, como a fidelidade aos projetos de Deus gera vida e como uma vida organizada numa dinâmica de egoísmo e de autossuficiência gera morte.

No Evangelho, Jesus envia os discípulos e avisa-os das perseguições e incompreensões que vão enfrentar, mas garante a sua presença contínua, a solicitude e o amor de Deus ao longo de toda a sua caminhada pelo mundo.

O projeto de Jesus para nós, vivido com radicalidade e coerência, não é um projeto simpático, aclamado e aplaudido por aqueles que mandam no mundo e na opinião pública. É um projeto radical e provocador, que exige a vitória sobre o egoísmo, o comodismo, a instalação, a opressão e a injustiça. É um projeto capaz de abalar os fundamentos da ordem injusta e alienante sobre a qual o mundo se constrói.

Há um certo mundo que se sente ameaçado nos seus fundamentos e que procura, todos os dias, encontrar formas para subverter e domesticar o projeto de Jesus. A nossa época inventou formas de reduzir ao silêncio os discípulos de Jesus, através da calúnia e da publicidade enganosa de valores efémeros.

Como a comunidade de Mateus, também nós podemos andar assustados, confusos e desorientados, interrogando-nos se vale a pena continuar a remar contra a maré. A todos nós Jesus diz: “não temais”. O medo não pode impedir-nos de dar testemunho. A Palavra libertadora de Jesus não pode ser calada, escondida e escamoteada; mas tem de ser vivamente afirmada com palavras e atitudes coerentes e interpeladoras. Viver uma fé instalada e cómoda, que não faz ondas e não muda nada, que aceita passivamente valores, esquemas, dinâmicas e estruturas desumanizadoras não chega para nos integrar plenamente na comunidade de Jesus.

A Palavra de Deus que nos é proposta hoje convida-nos também a fazer a descoberta de Deus que tem um coração cheio de ternura, de bondade, de solicitude. Se nos entregarmos confiadamente nas mãos de Deus que nos dá confiança e proteção, que nos dá amor e que nos pega ao colo quando temos dificuldade em caminhar, não teremos qualquer receio de enfrentar as perseguições e dificuldades. Confiemos em Deus que, no seu Coração de Pai, cuida de nós com ternura e amor!

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org

 

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