«Este modelo familiar de comunidade poderá ser o exemplo do que deverão ser as comunidades paroquiais de futuro», assinala o seminarista Dinis Toledo
Angra do Heroísmo, Açores, 27 set 2023 (Ecclesia) – O Seminário Episcopal de Angra começou o ano letivo 2023/2024 com 11 alunos, seis internos, dois na família e três finalistas em paróquias, que vão experimentar um modelo formativo novo, acompanhados também por nova uma equipa, com leigos.
“Não será fácil viver com as condições de uma casa gigante com um corpo tão pequeno, mas com o exemplo do novo reitor, creio que os laços ‘familiares’ serão reforçados e assim ajudar nesta caminhada”, disse Fábio Silveira, aluno do 5º ano, divulgou hoje o portal diocesano ‘Igreja Açores’.
Gonçalo Furtado, aluno do terceiro ano de Teologia, explica que “a questão mais desafiadora” é a vivência comunitária que “obriga a olhar a vida comunitária com outros olhos”: “Torna-se muito mais pessoal e obriga-nos a ver o colega como um irmão que necessita da minha compreensão”.
“Este modelo familiar de comunidade poderá ser o exemplo do que deverão ser as comunidades paroquiais de futuro, mais unidas e atentas às dificuldades e às alegrias de cada um dos seus membros”, acrescenta Dinis Toledo.
Os seis seminaristas que residem no Seminário Episcopal de Angra, quatro frequentam o 5º ano e dois estão no 3º ano, e começaram o ano letivo 2023/2024 há uma semana, dia 20 de setembro; segundo Mário Jorge, do 5º ano, natural da ilha das Flores, “dedicação” está a ser “a palavra de ordem”, e espera que continue, “tanto da nova equipa formadora”, como dos seminaristas.
“Este novo ano perspetiva-se desafiante, pois vai ser um tempo de aprendizagens, de conhecimento de novos métodos aplicados à nossa formação, que espero serem os motores da renovação da diocese, pois seremos, se Deus quiser, os futuros pastores”, referiu Dinis Toledo, aluno do 5º ano de Teologia.
Os dois seminaristas que vão frequentar o ‘Ano Propedêutico’ vão estar entre o Seminário e a residência da família, integrados na sua comunidade paroquial, nas Paróquias da Covoada e da Fajã de Cima, na Ouvidoria (arciprestado/vigararia) de Ponta Delgada, Ilha de São Miguel.
O reitor adianta que vão ter um encontro em outubro e destaca que “a grande prioridade” é que durante este ‘ano zero’ os seminaristas “possam trabalhar a sua humanidade” para melhor discernirem a “atração que têm por Jesus”, porque “ser padre é uma consequência desta atração por Jesus”.
Os outros seminaristas que vão residir fora da instituição são três finalistas, candidatos ao diaconado, para desenvolver trabalho pastoral em três paróquias, também em articulação com a equipa formadora.
A outra novidade é a constituição da equipa formativa que passa a integrar leigos, uma psicóloga, Raquel Oliveira que já foi professora no Seminário, e um casal com três filhos, a família Lúcio Sousa e Andreia Rocha, para além do padre Emanuel Valadão Vaz e do diretor espiritual, padre Nelson Vieira.
“Vamos ter reuniões todas as semanas e embora só fique eu e o diretor espiritual a residir no Seminário, estarão sempre presentes. Este trabalho conjunto vai ser importante para nos sintonizar com o mundo concreto e real; Quem está inserido no mundo, na vida familiar, na vida profissional, etc, pode ajudar-nos a ver mais longe”, desenvolveu o reitor.
“São ótimos sinais dos tempos; este novo modelo estará mais aberto ao diálogo e proporcionará melhores condições para o nosso desenvolvimento integral”, afirma o seminarista Elson Medeiros.
Para este aluno do 5º ano de Teologia, “progressivamente a Igreja açoriana vai sendo iluminada com as luzes do Concílio, cada vez mais vai entrando em diálogo com o mundo, numa dinâmica de inclusividade” esclarece ainda o aluno do 5º ano que salienta “que este novo modelo estará mais aberto ao diálogo e proporcionará melhores condições para o nosso desenvolvimento integral”.
O modelo que o Seminário Episcopal de Angra vai desenvolver assenta nas regras da Ratio Fundamentalis [do Dicastério para o Clero (Santa Sé), atualizada, 46 anos depois, em dezembro 2016], que procura uma formação integral dos futuros padres, maturidade psíquica, sexual e afetiva.
CB/OC
O bispo de Angra presidiu à Missa de ação de graças pelo novo ano letivo onde realçou que precisam de Seminários para este “tempo e de presbíteros igualmente”, abordando a exigência da formação que deve ser ministrada nos seminários. “Os seminários hoje devem ser abertos à comunidade e adaptáveis, inclusivos, culturalmente sensíveis e centrados na formação integral dos futuros sacerdotes; São cada vez maiores e mais complexos os desafios do mundo contemporâneo, como o secularismo, as mudanças nas estruturas familiares e as questões éticas em evolução; os seminários devem oferecer uma formação integral que prepare os futuros sacerdotes não apenas teológica, mas também emocional e pastoralmente, tudo baseado numa forte espiritualidade”, desenvolveu. Armando Esteves Domingues, informa o sítio online ‘Igreja Açores’. Esta instituição de ensino e formação foi inaugurada no dia 9 de novembro de 1862, no Convento de São Francisco de Angra, depois de 328 anos da fundação da Diocese de Angra, e dava cumprimento à “norma tridentina e ao desejo do clero quanto à fundação de um seminário”. Um século antes, D. Frei José da Avemaria, o 23.º bispo de Angra (1783-1799), já exigia que “sem a competente certidão de frequência, aproveitamento e capacidade dos pretendentes, não podiam ser admitidos às Ordens, neste bispado”. |