Monsenhor António da Luz explica que «o mais importante num cristão é saber dar testemunho e não ter medo»
Angra do Heroísmo, Açores, 23 mar 2022 (Ecclesia) – Monsenhor António da Luz, antigo professor do Seminário Episcopal de Angra, afirmou que o “indiferentismo” é um “grande inimigo de Deus”, falando na abertura das V Jornadas de Teologia, que decorrem até quinta-feira.
“Na sociedade de hoje Deus não conta para nada: o que é importante é o dinheiro, o poder e o prestígio. Para a maior parte das pessoas não é Deus que interessa, mas outros deuses e nós cristãos, diante deste indiferentismo, não podemos ter medo de contrapor a Ideia de Deus”, disse o sacerdote de 86 anos de idade, esta terça-feira, informa o portal ‘Igreja Açores’.
‘Estamos todos no mesmo barco: uma Igreja (pós) pandemia’ é o tema das V Jornadas de Teologia do Seminário Episcopal de Angra, que decorrem em formato presencial e online, a partir das 20h00 locais.
Monsenhor António da Luz afirmou que, para quem acredita que “Deus é Deus”, é impossível ficar calado.
“Quem tem fé não pode ter medo”, sublinhou o antigo professor do Seminário de Angra, sobretudo de Teologia Moral durante um quarto século, alertando para a sociedade das imagens, onde se deixou “de refletir e de pensar”.
“Damos um clique e estamos em todo o lado, mas o mais importante num cristão é saber dar testemunho e não ter medo”, insistiu.
Segundo o sacerdote, que traduziu e interpretou o pensamento de Friedrich Nietzsche (1844-1900), na sua tese de dissertação de licenciatura, depois do agnosticismo e do niilismo do filósofo alemão, o “indiferentismo moderno torna Deus irrelevante e os cristãos têm a obrigação de se insurgir contra isso”.
“Estamos numa época nova e temos de ter consciência disto levando Jesus Cristo às pessoas; Ele morreu e ressuscitou para estas pessoas concretas e não para outras e nós Igreja temos de ser capazes de lhes levar este Cristo”, desenvolveu Monsenhor António da Luz.
No primeiro dia de Jornadas de Teologia foi apresentado o volume 4 da Revista Fórum Teológico XXI, do Seminário Episcopal de Angra, com mais de 200 páginas do trabalho que o antigo professor desenvolveu durante o estudo da obra de Nietzsche.
O padre José Júlio Rocha apresentou o trabalho do seu antigo professor, considerando-o “um homem à frente do seu tempo”.
Na sessão de abertura das V Jornadas de Teologia, o reitor do Seminário de Angra, padre Hélder Miranda Alexandre, explicou que estes três dias de reflexão pretendem problematizar a sociedade onde se inserem e a Igreja onde se encontram.
“Como mergulhar em águas mais profundas para correspondermos aos anseios dos homens e mulheres de hoje”, é, segundo o sacerdote, a grande interpelação destas jornadas, divulga o ‘Igreja Açores’.
CB/OC