Angra: Depois da pandemia «prioridade é, sem dúvida, as pessoas», e a ecologia, afirma assistente da Comissão Diocesana Justiça e Paz

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Angra do Heroísmo, Açores, 03 jul 2020 (Ecclesia) – O padre Júlio Rocha, assistente da Comissão Diocesana Justiça e Paz de Angra, afirmou que as pessoas e a ecologia são “a prioridade” depois da pandemia do coronavírus, que “ainda não passou”.

“A prioridade é, sem dúvida, que as pessoas tenham saúde, comida na mesa e trabalho. Há outras coisas igualmente importantes e a ecologia é uma delas”, disse o sacerdote da Diocese de Angra numa reflexão sobre os efeitos da pandemia a partir da Encíclica do Papa Francisco ‘Laudato Si’.

Em declarações ao sítio online ‘Igreja Açores’ da Diocese de Angra, o padre Júlio Rocha explicou que com a pandemia de Covid-19 “a natureza conseguiu respirar”, como mostram alguns indicadores de poluição ambiental, e isso mostrou que as pessoas estão “a ter uma oportunidade no meio desta desgraça”, observando que é preciso “tirar consequências disto tudo”.

A professora universitária Rosalina Gabriel, também participou na conversa, vê as “mudanças”, a que as pessoas foram sujeitas e obrigadas, como “uma oportunidade e provam que a vida é possível usando outros critérios”.

“É possível vivermos melhor com menos consumo”, alertou.

“Se houver um esforço conjunto para mudar o paradigma do desenvolvimento, a conversão ecológica é possível e tem de ser feita, porque a emergência ambiental é muito mais premente e, como disse o Papa, estamos todos no mesmo barco”, salientou o padre Júlio Rocha.

“Julgo que a Covid-19 vem consciencializar-nos disto: ou sentimos que estamos no mesmo barco e remamos para o mesmo lado ou o que pode esperar-se é um tempo escuro, e toda a humanidade sofrerá”, sublinhou o assistente da Comissão Diocesana Justiça e Paz de Angra.

A professora da Universidade dos Açores lembra que “os momentos extremos são como alertas do Espírito Santo” para fazer-se “inversões”, citando o sacerdote jesuíta Luís Archer – o primeiro presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, entre 1996 e 2001.

“Com todo o sofrimento que esta doença está a provocar, e não o quero minimizar, conseguiremos ter criatividade para pensar novas soluções para melhorar o mundo. Temos de pensar que existem outros caminhos”, acrescentou Rosalina Gabriel.

Para a docente universitária, a aposta “tem de ser no estudo, no conhecimento, na inovação” para encontrar “melhores caminhos” e pensar no que se quer “efetivamente”.

“É certo que o poder está muito desequilibrado. Os políticos até podem ter mais poder mas não têm mais razão ou dignidade. Precisaremos de elevar os padrões de exigência para nós e para os outros”, desenvolveu Rosalina Gabriel.

Ao sítio online ‘Igreja Açores’, o padre Júlio Rocha afirmou que a “proximidade da pobreza incomoda” e deu como exemplo a Europa que “entrou em pânico com os refugiados em massa”, que considera que vão “aumentar mais” mas não sabe se os ocidentais têm “capacidade de dar uma resposta humanitária à crise que vai chegar”.

O Papa assinalou no Vaticano o quinto aniversário da sua encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’, no dia 24 de maio, lançando um ano especial para “chamar a atenção para o grito da terra e dos pobres” e, depois, o Vaticano publicou um “manual” de aplicação da encíclica papal com mais de 200 recomendações em defesa do ambiente e da vida humana.

CB

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