V Jornada Diocesana de Comunicação da diocese de Angra reiterou compromisso de comunicação com valores, em prol do bem-comum e contra a «desinformação»
Angra, 28 out 2019 (Ecclesia) – O professor e investigador Luís António Santos afirmou que as redes sociais podem ser “ruidosas” e provocar uma “erosão de confiança” mas assinalou também a importância da presença da Igreja neste campo “com uma linguagem responsável”.
“A tarefa não é fácil”, reconheceu o convidado da V Jornada Diocesana de Comunicação da diocese de Angra, pelo discurso “muitas vezes violento, falso e perturbador”, movido pela “influência e poder”, daí a importância do “empenho” da Igreja no combate à “desinformação”.
”As redes provocam uma erosão de confiança e, quando isto acontece, cria-se o vazio “ que “é um campo aberto para a desinformação” afirmou o docente da Universidade do Minho, citado pelo portal de informação Igreja Açores, durante o encontro sob o tema «Redes Sociais: itinerários para um encontro», promovida pelo Serviço Diocesano da Pastoral das Comunicações Sociais.
“Quando começamos a não saber distinguir entre aquilo que é verdade e o que não é, embora pareça que seja, então estamos a enveredar por um caminho problemático”, sinalizou o investigador.
O empreendedor Ricardo Cunha Santos quis alertar para a “falta de liberdade” dentro da rede, para a importância de se “humanizar” o ambiente digital mas reconheceu aqui “uma grande oportunidade de comunicação”.
“O tempo que passamos nas redes deve ser gasto em influência, criando conteúdos apelativos que falem a linguagem da rede”, sublinhou o convidado, afirmando que a “estratégia” passa por “identificar o alvo”, “definir uma estratégia”; “adequar a mensagem”, “manter a coerência da imagem”, “criar hábitos e dinâmicas” e garantir “interação nos conteúdos”.
A professora Hélia Guerra, da Universidade dos Açores, deu conta da importância de se estar “offline” para pensar na utilização das redes.
“Aprender primeiro e utilizar depois é o grande desafio” referiu Hélia Guerra, dando conta do “desconhecimento” e da importância de educar as novas gerações para o digital.
“As redes sociais marcam presença neste mundo mas o seu desconhecimento ainda é muito grande: temos acessos, estamos disponíveis para entrar na rede, somos colaborativos mas, verdadeiramente, ninguém sabe o que se passa efetivamente na rede”, alertou a professora, especialista em computação.
O jornalista Jorge Wemans reconheceu que a “credibilidade das instituições” é tantas vezes posta em causa e pode haver “o efeito da bolha” no mundo digital mas afirmou a “grande oportunidade” para a Igreja estar nas redes sociais.
O provedor do telespectador da RTP, citado pelo portal Igreja Açores, deixou sete pontos para caminhar no digital: uso responsável das redes sociais, influência nos conteúdos partilhados, mostrar obra boa, construir memória do património cristão, participação e organização de debates na rede, expor as comunidades cristãs na rede, promover o encontro e expor a fé sem medo.
D. João Lavrador pediu o contributo de todos para uma comunicação “que gere comunhão na rede” a partir dos valores da “verdade, justiça e inclusão”.
“Temos de ser capazes de tornar a comunidade da rede numa autêntica comunidade que promova o encontro com o próximo”, deu conta o também presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.
“A todos nos ocupa o bem comum da nossa sociedade e a edificação de uma cultura cujos valores assentem na dignidade da pessoa humana e salvaguarde a paz, a fraternidade, a comunhão e a inclusão de todos os cidadãos”, sublinhou.
A V Jornada Diocesana de Comunicação juntou especialistas, académicos e jornalistas, mas também agentes da pastoral, da catequese e demais público que acorreu ao Seminário episcopal de Angra nos dias 24 e 25 de outubro.
LS