Angola: Bispos lamentam «discriminação» do Governo em relação à Rádio Ecclesia, emissora católica

Conferência Episcopal manifesta «preocupação com partidarização» da comunicação social

Luanda, 10 mar 2016 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) publicou uma nota pastoral na qual “renova” o compromisso de “privilegiar o diálogo” com as autoridades sobre a Rádio Ecclesia, emissora católica cujo sinal está limitado a Luanda.

“É preocupante a partidarização dos meios de comunicação social que, por direito, devem estar ao serviço de todos”, alerta a nota pastoral enviada hoje à Agência ECCLESIA, onde os bispos consideram “igualmente grave” a prevalência de espetáculos de “conteúdo moral, científico e cultural duvidoso” e “banaliza a cultura das nossas populações angolanas”.

A primeira Assembleia Geral Ordinária de 2016, que terminou esta quarta-feira, sublinhou a “discriminação” de que a Rádio Ecclesia é alvo, uma vez que nascem “novas rádios e não se sabe sobre que bases legais são criadas”.

Os bispos de Angola e São Tomé e Príncipe incentivam os cristãos a “intensificar as orações e vigílias” em todas as paróquias por essa intenção para que “novos dias de alegria se abram para todos”.

Neste contexto, divulgaram uma oração pela “expansão do sinal da Rádio Ecclesia” onde pedem que sejam removidos ”os obstáculos” e desbloqueados “os caminhos para que as ondas” da emissora “possam chegar a todo o país”.

A Nota Pastoral ‘O que vimos e ouvimos’ reflete o “momento atual da nação” e foi publicada no final da primeira assembleia ordinária da CEAST, realizada entre 2 a 9 de março, na Diocese de Ndalatando, capital da província do Cuanza Norte.

Nesta análise, os bispos consideram que a crise económico-financeira em Angola resulta também da “à falta de ética, má gestão do erário público, corrupção generalizada, à mentalidade de compadrio, ao nepotismo”, e não apenas pela queda do preço do petróleo.

Os prelados católicos consideram também “preocupante” o agravamento da pobreza das populações e a “paralisação dos agentes económicos”, causada pelas “dificuldades na renovação de mercadorias por falta de poder aquisitivo”.

Os bispos mostraram-se preocupados com os “atrasos de salariais”, no setor público e no privado, e a “subida vertiginosa” do preço dos bens essenciais.

“Aumenta assustadoramente o fosso entre os cada vez mais pobres e os poucos que se apoderam das riquezas nacionais. Assiste-se à falta de critério no uso dos fundos públicos, gastos exorbitantes, importação de coisas supérfluas que não aproveitam às populações”, desenvolvem.

Os bispos de Angola e São Tomé e Príncipe lamentam que análises “lúcidas, críticas bem fundadas e construtivas”, destinadas à construção do bem comum, sejam “muitas vezes interpretadas como ataque às instituições de legítima governação e à ordem pública em geral”.

A nota pastoral refere também que, “de forma dramática”, aumentou o índice de mortalidade de “vítimas de doenças” devido ao “descuido da Saúde Pública e preventiva” mas também de condições básicas de vida: “Falta de saneamento; de higiene pública e privada; de água, acumulação de lixo.”

“É verdade que, nesta crise, as responsabilidades não são as mesmas para todos. Ninguém pretenda possuir o monopólio da verdade, nem se iluda com soluções vindas de fora”, é a primeira reflexão de nove propostas da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé.

CB/OC

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