América Latina: Papa vai ao encontro das periferias

Missionários portugueses comentam viagem de Francisco ao Equador, Bolívia e Paraguai

Lisboa, 07 jul 2015 (Ecclesia) – Dois missionários portugueses elogiaram a atenção que o Papa quis dedicar às “periferias da América Latina” com a sua viagem ao Equador, Bolívia e Paraguai, um exemplo da Igreja em “saída” que pede a todos os católicos.

“É muito simbólica esta opção e as Igrejas sentem-se abençoadas com a presença do Papa latino-americano. Escolheu países dos mais pequenos da América Latina em todos os níveis com muitos desafios e índices grandes de pobreza”, comenta o irmão Bernardino Frutuoso, para quem Francisco regressa ao seu continente para “partilhar a vida e a fé com a Igreja e com os povos”.

À Agência ECCLESIA, o religioso dos Missionários Combonianos destaca que o Equador, a Bolívia e o Paraguai são considerados as “periferias da América Latina” com realidades “muito desafiantes” para a Igreja Católica.

A irmã Maria do Carmo Bogo, missionária comboniana, comenta que Francisco vai pôr em prática “já e de imediato” o que escreveu na encíclica ‘Laudato Si’: “A proteção e cuidado sobretudo pelas pessoas, ambiente e os que vivem nas periferias das cidades da América Latina”.

A religiosa viveu em Esmeraldas, uma cidade no norte do Equador, o país que está a acolher atualmente o Papa Francisco e revela que o trabalho dos missionários é sobretudo “estar presente na vida concreta, no dia-a-dia” das pessoas e “criar relações de amizade, simpatia” que dá a “sensação de segurança porque sentem-se menos abandonados”.

Por sua vez, o irmão Bernardino Frutuoso, que viveu na América Latina entre 1992 e 2014, assinala que o Evangelho tem “exigências de fraternidade, justiça, igualdade” que podem ser entendidas nesse contexto.

“A América Latina é um continente com muitos recursos e existem índices de desigualdade social muito grandes e o Evangelho quer questionar porque a parte profética é essencial da nossa presença no mundo”, acrescenta o novo diretor da revista ‘Além-Mar’.

Para o religioso, Francisco quer revelar uma “Igreja próxima” dos povos que precisam que se caminhe com eles através de uma “mensagem de misericórdia, de amor, de ternura” nas visitas aos presos ou ao hospital, por exemplo.

Neste contexto, a irmã Maria do Carmo Bogo considera que os responsáveis políticos não “podem ficar insensíveis” ao que o Papa vai “dizer-lhes diretamente”.

“Espero que existam muitos comportamentos diferentes a nível político e social”, conta a religiosa.

Os combonianos, com anos de experiência missionária na América Latina, destacam que a resposta à “injustiça e desigualdade” é optar por diferentes soluções para além da luta armada ou a guerrilha como o Evangelho de Jesus.

“O povo que sofre, pobre, com a Palavra de Deus na mão, interioriza, reza e diz que vai ser capaz de fazer uma sociedade nova, um mundo mais justo”, disse o irmão Bernardino Frutuoso.

Já a irmã Maria do Carmo Bogo alerta que aos jovens que “não têm futuro” e são presos, como os que o Papa Francisco vai visitar no dia 10 na Bolívia, é preciso “oferecer valores, segurança, educação, sonhos verdadeiros que podem ser pessoas dignas, com trabalho digno que se possam casar, ter família”.

Esta quarta-feira o Papa parte rumo à capital da Bolívia, La Paz, e na sexta-feira, dia 10, viaja para o Paraguai, a terceira etapa da visita pastoral à América Latina.

HM/CB

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