Religiosas relatam à Ecclesia trabalho social e pastoral que desenvolvem no Equador e Bolívia
Lisboa, 04 jul 2015 (Ecclesia) – O Equador, um país “cheio de recursos mas nas mãos de algumas famílias”, onde o poder político “manipula” e a população não desiste de ter “esperança”, prepara-se para receber o Papa Francisco este domingo.
A Irmã Maria do Carmo Bogo, missionária comboniana, viveu em Esmeraldas, uma cidade no norte daquele país sul-americano, o primeiro a receber o Papa, numa viagem apostólica que tem início amanhã e se prolonga até 13 de julho.
Há mais de 60 anos no Equador, as missionárias combonianas apostam na formação e no apoio médico aos mais carenciados.
“A Igreja Católica quer ajudar a esclarecer e a formar as pessoas. Temos escolas e clínicas para atender quem não tem recursos”, indica a religiosa missionária à Agência ECCLESIA.
Formada em comunicação social esteve, entre 2002 e 2004, a trabalhar na rádio diocesana Antena Livre, em Esmeraldas, onde procurava dar “notícias que outros não davam” e estar próxima do povo, ajudando a formar consciências.
A religiosa assinala o “sentimento de esperança” que os equatorianos mostram apesar da “corrupção e manipulação”.
“Nas universidades os jovens pobres não podem entrar. Em Esmeraldas, havia uma menina que trabalhava comigo que queria melhorar de vida e entrar para a faculdade e estudar. Mas era muito difícil e não havia uma clareza quanto ao que pagar mensalmente. Iam exigindo dinheiro todos os dias e não se sabia porquê. A corrupção está em tudo. Um jovem que não tem uma família que o ajude não consegue”.
É um país “muito rico em petróleo e frutas”, mas onde a “riqueza fica nas mãos de alguns”, aquele que receberá o Papa, um contexto, afirma a Irmã Maria do Carmo, que Francisco não podia deixar de visitar.
“Eles sentem que o Papa lhes pertence, como cidadão da América Latina, e esperam que deixe a esperança, tão necessária para continuar a lutar pelos seus direitos e a viver”.
A acompanhar a visita de Francisco à distância, a missionária comboniana espera ver sublinhados apelos “especialmente dirigidos aos políticos” de “atenção aos mais débeis e fracos” e de “não abandono dos pobres”.
Três dias depois da chegada ao Equador, Francisco ruma à Bolívia, o segundo país mais pobre da América Latina, onde as Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor desenvolvem um trabalho de formação educacional e de catequese familiar para promover uma sociedade mais justa.
A fazer as malas para partir para a Bolívia, para um missão de mês e meio juntamente com duas voluntárias, a religiosa Luísa Pinto Carneiro, também professora de Educação Física, espera colocar a sua formação pedagógica ao serviço dos jovens e das crianças.
“Será um trabalho muito variado: acompanhar a comunidade religiosa na sua vivência e inserção, prestar cuidados de saúde e tratamentos, auxiliar no centro de educação alternativa – um centro de estudos, apoio escolar, informática, onde se aprende música, para além da vertente pastoral”, explica à Agência ECCLESIA a Franciscana Missionária da Mãe do Divino Pastor.
“Uma das realidades que percebemos é uma educação muito deficitária onde há necessidade de contribuir e ajudar. Há muitas crianças que vivem abandonadas porque os pais emigraram e estão longe, e assiste-se igualmente ao abandono da classe idosa, em especial das zonas mais isoladas”.
As Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor, presentes na Bolívia, estão a mobilizar-se para a visita do Papa a La Paz para acolher os impulsos que deixará naquela país.
A última etapa da viagem de Francisco será no Paraguai onde estará entre 10 e 12 de julho.
LS