Mais de um milhão de pessoas em Missa com o Papa no Equador, dedicada à ação evangelizadora da Igreja Católica
Quito, 07 jul 2015 (Ecclesia) – O Papa recordou hoje em Quito, capital do Equador, o “grito de independência” da América Latina, uma resposta dos que se sentiam “espremidos e saqueados” perante a “falta de liberdade”, e falou de uma fé "revolucionária".
""Dando-se, o homem volta a encontrar-se a si mesmo com a sua verdadeira identidade de filho de Deus (…). Isto é evangelizar, esta é a nossa revolução – porque a nossa fé é sempre revolucionária – este é o nosso grito mais profundo e constante", afirmou, perante mais de um milhão de pessoas reunidas na no Parque do Bicentenário (da independência).
Esta é a segunda visita do Papa Francisco à América Latina, após a viagem ao Brasil em 2013, e a primeira a países de língua hispânica.
A independência dos países da América Latina foi festejada entre 2010 a 2014, com exceção do Peru e do Brasil (2020-2022).
“Ao grito de liberdade, que irrompeu há pouco mais de 200 anos, não faltou convicção nem força, mas a história conta-nos que só se tornou contundente quando deixou de lado os personalismos, o afã de lideranças únicas, a falta de compreensão doutros processos libertadores com caraterísticas diferentes, mas não por isso antagónicas”, observou o Papa.
Francisco percorreu durante largos minutos o espaço com 125 hectares ao ar livre, o antigo aeroporto de Quito, num papamóvel aberto, saudando a multidão, ao som da música oficial da viagem ao Equador, ‘Bem-vindo Santo Padre, mensageiro do Senhor’, que tem acompanhado estes dias de visita, com muitas pessoas a gritar o seu nome.
O Papa insistiu na necessidade de “lutar pela inclusão a todos os níveis”, expressão que repetiu, evitando egoísmos e promovendo a comunicação e o diálogo.
Nesse sentido, insurgiu-se contra a “mundanidade espiritual” que leva a guerras “numa busca estéril de poder, prestígio, prazer ou segurança económica”, à custa “dos mais pobres, dos mais excluídos, dos mais indefesos, dos que não perdem a sua dignidade apesar de a agredirem todos os dias”.
O pontífice argentino considera que a ação evangelizadora da Igreja Católica é “tão urgente e premente” como o desejo de independência, com “o mesmo fogo que atrai”.
“Poderá a evangelização ser veículo de unidade de aspirações, sensibilidades, esperanças e até de certas utopias? É claro que sim, acreditamos nisso mesmo”, afirmou.
Francisco disse que a “alegria do Evangelho” traz a libertação “do pecado, da tristeza, do vazio interior”, oferecendo à humanidade um horizonte de “unidade”.
A intervenção partiu da oração de Jesus, na Última Ceia, em favor dessa mesma unidade, num momento em que vivia “na sua própria carne o pior deste mundo que Ele, apesar de tudo, ama loucamente: intrigas, desconfianças, traição”.
“É precisamente a este mundo desafiante, com os seus egoísmos, que Jesus nos envia, e a nossa resposta não é fazer-nos de distraídos, argumentar que não temos meios ou que a realidade nos ultrapassa. A nossa resposta repete o clamor de Jesus e aceita a graça e a tarefa da unidade”, assinalou.
“Que belo seria se todos pudessem admirar como nos preocupamos uns com os outros; como mutuamente nos animamos e fazemos companhia”, prosseguiu.
A Missa foi concelebrada por cerca de 2000 mil sacerdotes e uma das leituras da cerimónia foi proclamada em quíchua, por um leitor indígena.
No final da Eucaristia, o Papa dirigiu-se à assembleia para pedir que todos sejam "um", verdadeiros "irmãos", e que a Igreja "seja uma casa de irmãos".
Francisco realiza até ao próximo dia 13 a nona viagem apostólica internacional do pontificado para visitar o Equador, a Bolívia e o Paraguai, prevendo-se a participação de milhões de latino-americanos nas cerimónias presididas pelo primeiro pontífice desta região na história da Igreja Católica.
O Papa vai percorrer 24 730 quilómetros (equivalente a mais de meia volta ao mundo) em sete voos que totalizam cerca de 33 horas.
OC