Ambiente: Instituições religiosas anunciam desinvestimento recorde em combustíveis fósseis

Iniciativa surge em resposta a apelo do Papa Francisco, dias antes do início da COP 26

Lisboa, 26 out 2021 (Ecclesia) – 72 instituições religiosas de vários países anunciaram hoje o seu compromisso para desinvestir em combustíveis fósseis, num total de “4,2 mil milhões de dólares em ativos combinados sob a sua gestão”.

“A cinco dias do início da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Glasgow, instituições religiosas em todo o mundo uniram-se para o maior anúncio de desinvestimento conjunto de todos os tempos”, indica o ‘Movimento Laudato Si’, numa referência à COP26, que tem início no dia 31.

As ações “proféticas” dessas instituições seguem o apelo do Papa Francisco e de outros líderes religiosos dirigidos aos governos globais para abordar a “crise ecológica sem precedentes”, mostrando que o “número crescente” das instituições responde à recomendação do Vaticano para um desinvestimento de combustíveis fósseis e um investimento em soluções climáticas.

“As pessoas de fé estão a desinvestir em grande escala no carvão sujo, petróleo e gás, exigindo que o G20 em Roma finalmente conclua que não há futuro para o financiamento de combustíveis fósseis. Como disse o Papa Francisco, «chega da sede de lucro que impulsiona a destruição da nossa casa comum pela indústria de combustíveis fósseis»”, afirmou Tomás Insua, diretor-executivo do Movimento Laudato Si, em nota divulgada online.

As instituições que se manifestaram proveem de países dos cinco continentes – Austrália, Irlanda, Itália, Quênia, Nepal, Peru, Ucrânia, Reino Unido, Estados Unidos e Zâmbia – numa iniciativa inter-religiosa que compreende paróquias, dioceses, institutos religiosos, Universidades católicas, Conferências Episcopais e associações de leigos.

Na lista completa encontram-se a Conferência dos Bispos Católicos da Escócia, o Conselho Central de Finanças da Igreja Metodista no Reino Unido, a Igreja Presbiteriana de Gales, a Igreja Presbiteriana na Irlanda, as Universidades Católicas nos Estados Unidos e no Reino Unido, as Irmãs da Caridade da Austrália, a Cáritas do Nepal, duas dioceses da Igreja da Inglaterra, 19 igrejas da Igreja Greco-Católica na Ucrânia e o movimento religioso budista Soka Gakkai International no Reino Unido, entre outros.

A COP 26 tem início no próximo dia 31, em Glasgow, no Reino Unido, e vai juntar 156 líderes mundiais em negociações que possam incidir sobre o controlo e diminuição do aquecimento do planeta, e fortalecer ações já negociadas nos termos do Acordo de Paris de 2015.

“O desinvestimento em combustíveis fósseis é um poderoso ato de fé que centenas de instituições religiosas no mundo todo adotaram para responder à emergência climática. Isto aumenta a pressão sobre governos e instituições financeiras”, destacam os responsáveis pela iniciativa ecuménica.

O objetivo é reforçar o acesso a energia “limpa e acessível”, incluindo soluções de energia com emissão zero carbono para 800 milhões de pessoas.

Os grupos que assumem este compromisso devem confirmar que desinvestiram em investimentos de combustíveis fósseis ou que vão desinvestir em quaisquer investimentos de combustíveis fósseis, no prazo máximo de cinco anos.

Em junho de 2020, o Vaticano publicou um conjunto de diretrizes ambientais, nas quais se enquadra o desinvestimento em combustíveis fósseis como “uma escolha ética”.

A proposta é acompanhada por um guia de investimento ético, numa “visão abrangente do desinvestimento em combustível fóssil escrito sob uma perspetiva católica”.

O ‘Movimento Laudato si’ está a promover um webinar, para o dia 28, às 17h00 (hora de Lisboa), que vai juntar o bispo diretor para o Meio Ambiente da Conferência dos Bispos Católicos da Escócia, D. Bill Nolan, e outros responsáveis religiosos, para explicar como pode ser feito o caminho para a “justiça climática”.

 

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Agência ECCLESIA

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