Amazónia: Relação com a natureza «pode ser um sinal para o mundo», afirma o arcebispo de Manaus

D. Leonardo Steiner, primeiro cardeal da região amazónica, lembra que a grande ameaça para a região é o dinheiro

Foto Agência ECCLESIA/PR, D. Leonardo Steiner

Aparecida, 08 set 2022 (Ecclesia) – O arcebispo de Manaus disse em entrevista à Agência ECCLESIA que a Igreja na Amazónia vive num espírito sinodal e lembrou a grande ameada do dinheiro para a região, onde a proximidade com a natureza “pode ser um sinal para o mundo”.

“Penso que a Amazónia pode ser um sinal de como conviver no meio ambiente: não perdermos a poesia, não perdermos a relação com a natureza, apreciarmos a natureza”, afirmou D. Leonardo Steiner, acrescentando que é necessário “cuidar mais” da casa comum.

O arcebispo de Manaus lembrou que “a grande ameaça” para a Amazónia “é o dinheiro, a busca do dinheiro, o enriquecimento”.

“O garimpo é ouro, ouro é dinheiro; deflorestação da madeira, é dinheiro; a pesca predatória é dinheiro. Não se olha para o habitat, não se olha para quem está lá, mas para o lucro que posso tirar. E esse é o grande problema, não só brasileiro ou amazónico. É um problema de mentalidade no mundo inteiro”, sublinhou.

D. Leonardo Steiner afirma que é necessário promover um desenvolvimento sustentável que tenha em conta “as comunidades ribeirinhas, as comunidades indígenas, que querem continuar a viver a sua cultura, o seu modo de viver, onde estão”.

Criado cardeal pelo Papa no último consistório, a 27 de agosto, D. Leandro Steiner diz que é necessário concretizar os “quatro sonhos” de Francisco para Salvar a Amazónia.

“Para salvar a Amazónia é preciso colocar em prática os quatro sonhos do Papa Francisco. Os quatro sonhos que são uma hermenêutica da totalidade: não deixar nada de lado, quando olhamos onde estamos, como queremos ser Igreja e ser presença do Reino de Deus. Tudo precisa de ser resgatado, salvo”, sustentou

O arcebispo de Manaus lembrou que é necessário retomar as propostas dos bispos amazónicos definidas na diocese brasileira de Santarém, há 50 anos, reafirmando para a região “uma Igreja encarnada e libertadora”, na esteira do espírito sinodal.

O cardeal Steiner referiu que no Brasil e especialmente na Amazónia já se concretiza o espírito sinodal, onde as “assembleias são sinodais, são sempre assembleias com a participação de todo o povo de Deus” e as cúrias diocesanas contam com a colaboração de leigos.

Na entrevista concedida no fim dos trabalhos da Assembleia Plenária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que decorreu em Aparecida entre os dias 28 e 2 de setembro, D. Leandro Steiner comentou a reunião do Papa com os cardeais que decorreu no Vaticano após o consistório para refletir sobre a reforma da Cúria Romana, sublinhando a necessidade do diálogo entre as conferências episcopais e a Santa Sé.

“A cúria está ao serviço das igrejas particulares e deve-se estabelecer um diálogo entre as igrejas, as conferências episcopais e a Cúria Romana. E esse espírito já está muito presente atualmente. O Papa Francisco está a dar passos e agora vem dizer que o centro da Igreja é evangelizar”, analisou.

D. Lendro Steiner, foi nomeado arcebispo de Manaus em novembro de 2019 pelo Papa Francisco, que o criou também cardeal, sendo considerado o cardeal da Amazónia.

PR

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Agência ECCLESIA

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