Algarve lembrou encontro do Papa com o mundo da cultura

A Diocese do Algarve promoveu um jantar-tertúlia com os representantes algarvios da área da cultura que participaram no encontro com o Papa Bento XVI no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, em Maio passado.

O Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, afirmou que “à Igreja interessa muito escutar a vossa sensibilidade e o modo como gostaríeis que correspondêssemos neste âmbito da cultura”.

O encontro da última semana, em Albufeira, serviu também para os agentes algarvios da cultura lembrarem a importância da visita do Papa a Portugal.

Guilherme d’Oliveira Martins lembrou que Bento XVI veio num “momento muito complicado” e que, nesse sentido, “a viagem a Portugal mudou a sua imagem”. “O Papa fez uma declaração muito importante no avião, antes da visita, e mata a questão da pedofilia à nascença”, referiu o presidente do Centro Nacional de Cultura, considerando que “a viagem a Portugal correu toda bem”.

A escritora Lídia Jorge confessou que aceitou “por curiosidade” o convite para o encontro no CCB e que acabou por ter uma “surpresa grande” porque “o impacto com o Papa foi muito positivo”. “Tive a sensação de que estava perante uma pessoa, que para além do arcabouço intelectual, estava a dizer a verdade. Tive confiança no Papa”, sublinhou, acrescentando que a visita papal “foi um momento muito positivo para os portugueses”. “Alguém explicou ao Papa que país era este e vinha muito bem apetrechado para falar às pessoas portuguesas”, considerou a escritora. “Houve, da parte do Papa, a noção de que há uma especificidade na nossa maneira de ser, que faz a nossa tragédia mas também faz a nossa grandeza e que é uma forma especial de ser. O Papa percebeu que estava a falar para nós e sentimo-nos retratados, promovidos e reconhecidos como povo e isso foi muito bom”, acrescentou.

Por outro lado, Lídia Jorge destacou que Bento XVI “veio por Fátima” mas não teve ali uma atitude demasiado centralizada na sua própria pessoa. “Houve uma atitude de compreensão de que se está ali perante uma situação muito materializada para determinadas pessoas, que gostam de sentir a fé em gestos e parábolas, mas ao mesmo tempo não ofendeu os que pensam que isso é uma coisa menor em face de uma outra arquitectura”, disse.

Nuno Júdice Glória sublinhou que a importância da visita papal foi também a serenidade com que decorreu. “Apesar de sermos, actualmente, um país de grandes conflitos e contradições, sentimos muita paz”, considerou o poeta e professor.

Este aspecto foi igualmente destacado pelo major António Matias que sublinhou que “a serenidade na postura do Papa também ajudou a cativar as pessoas”.

Mello-Sampayo reconheceu que a imagem que tinha do Papa mudou. “Contrariamente à sensação que tínhamos de um Papa austero e distante, encontrámos um Papa próximo e esta mensagem de proximidade é muito importante que seja transmitida a todos nós”, disse.

D. Manuel Quintas destacou que a visita papal a Portugal marcou uma nova fase do pontificado de Bento XVI. Com base num texto escrito pelo jornalista vaticanista Jean-Marie Guénois, do jornal francês “Le Fígaro”, o Bispo do Algarve lembrou que, mesmo a nível internacional, pelo que o Papa disse em Portugal e pela adesão do povo, houve uma “espécie de refundação do pontificado”.

Samuel Mendonça

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Agência ECCLESIA

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