Presidente da Cáritas Portuguesa incentiva a pastoral sociocaritativa organizada e articulada
Lagoa, 28 abr 2018 (Ecclesia) – A Diocese do Algarve reuniu os agentes da pastoral social numas Jornadas de Ação Sociocaritativa em que o bispo local, D. Manuel Quintas, pediu que este setor seja “um sinal cada vez mais claro do amor de Cristo”.
Na informação enviada à Agência ECCLESIA, o jornal ‘Folha de Domingo’ contextualiza que o encontro centrou a reflexão no serviço da caridade através da carta apostólica ‘Intima Ecclesiae Natura’ (A natureza íntima da Igreja), do Papa Bento emérito XVI, de novembro de 2012.
Para o presidente da Cáritas Portuguesa, que comentou o ‘motu proprio’ papal, o pontífice alemão queria “evitar” que as instituições da caridade da Igreja limitem-se a “recolher e distribuir fundos e outro tipo de bens”.
Eugénio Fonseca explicou que quando uma pessoa “é ajudada” se perceber que foi da comunidade cristã, “a missão está no bom caminho”.
Neste contexto, salientou que o Bento XVI pediu que “não transformem” os grupos organizados da caridade “numa organização assistencial comum a todas as demais” e a partilha de bens e da dádiva “não perca a identidade cristã”.
O orador incentivou os agentes socio pastorais a refrescarem-se “sempre daquilo que o Evangelho impulsiona” e realçou que “nem tudo se pode receber, nem tudo se deve dar” porque receber algo de “estruturas de pecado” é “ir contra princípios fundantes da própria identidade”.
O presidente da Cáritas Portuguesa afirmou que a pastoral socio-caritativa “tem de ser vivida em comunidade”, por isso, “precisa de organização de forma articulada”.
“Temos «alergia» a esta organização porque temos medo – e bem – que se caia num excesso de normas organizativas que levam à burocracia”, observou.
Já à margem do encontro, ao ‘Folha do Domingo’, Eugénio Fonseca sublinhou o apelo à organização da pastoral socio-caritativa em Portugal que tem que ter dois pressupostos: “Respeitar a diversidade e apostar na comunhão”.
“Podemos estar a criar instituições onde já existem múltiplas respostas e estarmos a deixar de parte outras que não existem; Não passava com tanta facilidade a ideia de que nós fazemos caridade à conta do Estado, não é verdade”, desenvolveu.
Sobre a atualidade, o presidente da Cáritas Portuguesa observa que o país ainda está “numa situação de crise” com pessoas empregadas mas “sem rendimento para sair da situação de carência” e revelou que têm “menos gente nos atendimentos, mas mais gente a vir mais vezes”.
Neste contexto, lembrou que no auge da crise “passava muitas vezes essa ideia peregrina de que é preferível «dar a cana» a «dar o peixe»” mas se não tivessem levado o pão e os medicamentos “não havia força para o ânimo que voltou”.
Os 65 participantes conheceram também a rede nacional ‘Cuidar da Casa Comum’ inspirada na encíclica do Papa Francisco ‘Laudato Si’” (Louvado Seja), publicada em 2015.
O jornal ‘Folha do Domingo’ recorda ainda que nos últimos dois anos a jornada bíblica, a litúrgica e a socio-caritativa realizou-se em conjunto mas o bispo diocesano revelou-se a favor de edições separadas.
“Damos a oportunidade de aprofundar mais estes diferentes sectores e também se exprime verdadeiramente aquilo que é a dimensão socio-caritativa”, explicou D. Manuel Quintas, a 21 de abril, nas XVII Jornadas de Ação Sociocaritativa e no VIII Encontro dos Centros Sociais Paroquiais e das Santas Casas da Misericórdia.
CB/OC