Serviço Diocesano da Pastoral a Pessoas com Deficiência promove jornadas
Albufeira, Faro, 16 fev 2016 (Ecclesia) – O bispo de Faro exortou à integração das pessoas com deficiência nas paróquias no Jubileu que a diocese lhes dedicou, no contexto do Ano Santo da Misericórdia, explicando que o Serviço Pastoral serve para “alertar todas as paróquias”.
“Tínhamos de criar espaço onde pudéssemos incluir esta dimensão porque Cristo ilumina todas as realidades da nossa vida. Todos somos importantes porque somos necessários para criarmos as condições para que esta dimensão pastoral possa continuar e chegar o mais longe possível”, disse D. Manuel Quintas.
No Jubileu das Pessoas com Deficiência, celebrado na paróquia das Ferreiras (concelho de Albufeira), o prelado, para além dos espaços físicos adaptados, defendeu que “mais importante é a acessibilidade do coração”.
“Precisam-se rampas fraternas para que nos sintamos irmãos. Precisa-se de acessibilidade de amor que acolhe, que integra, que dá espaço, vez e voz. É importante e urgente o trabalho exterior que se faz, mas também é importante este trabalho interior”, alertou o bispo do Algarve na Eucaristia que encerrou este encontro.
Segundo o jornal diocesano ‘Folha do Domingo’, o Jubileu das Pessoas com Deficiência, contou com cerca de 100 participantes de várias instituições, acompanhados por familiares, psicólogos e outros técnicos, na igreja de São José das Ferreiras.
Este encontro, a 14 de fevereiro, teve momentos de reflexão e convívio – ‘Festa da Alegria’ – com uma gincana, dança, teatro, canto e a atuação de uma banda da APPDA, constituída por três jovens autistas e dois pais.
O assistente do SDPPD apresentou a reflexão ‘Acolhidos no coração de Deus’ e lembrou que todos os seres humanos são “acolhidos no «coração» de Deus, onde não há lugar a nenhuma espécie de sombra, de discriminação”.
“A misericórdia com que Deus olha para nós não tem nada a ver com a deturpação com que alterámos o valor e a verdade da palavra”, acrescentou o cónego Joaquim Nunes, portador de uma limitação motora motivada pela doença de esclerose múltipla.
Uma mesa redonda teve intervenções sobre questões de indiferença, acessibilidade e inclusão.
Manuel Nunes, cego congénito, testemunhou a sua caminhada na Igreja Católica, onde exerce, por exemplo, o ministério de leitor: “Só é possível mudar a mentalidade das pessoas se nós aparecermos. Temos de aparecer e dar a cara.”
Já a dirigente do Corpo Nacional de Escutas, Manuela Sardo, testemunhou a integração de uma menina surda-muda no Agrupamento 1324, da Sé de Faro, destacou o enriquecimento para o próprio grupo de escuteiros no acolhimento daquele novo elemento, não obstante a apreensão inicial ao saberem que iam receber uma criança com necessidades especiais.
“Foi uma bênção muito grande a Margarida ter entrado no nosso agrupamento”, disse, revelando que os membros do agrupamento têm apreendido língua gestual.
A responsável nacional do Serviço Pastoral a Pessoa com Deficiência, da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, esteve presente e à “grave situação da silenciosa exclusão”, indicou “desafios”.
“É preciso descruzar os braços para ousar uma conversa aberta. Creio que este debate tem muito a ganhar com uma reflexão séria interdisciplinar”, sublinhou Maria Isabel do Vale, responsável pelo serviço criado em novembro de 2010, pela Conferência Episcopal Portuguesa.
FD/CB