Alfredo Bruto da Costa: Os pobres eram a sua «inquietação constante»

Cardeal-patriarca presidiu à Missa do funeral de um «homem do após-Concílio», como foi lembrado na celebração, na igreja do Campo Grande

Lisboa, 12 nov 2016 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca presidiu hoje à Missa exequial de Alfredo Bruto da Costa e lembrou a sua constante “inquietação” pelos pobres, num percurso de vida “inteiramente cristão”.

“A Boa Nova aos pobres era a sua inquietação constante”, referiu D. Manuel Clemente, acrescentando que a sua vida confirma a possibilidade de acontecer em cada tempo o que em Cristo "começou a acontecer”.

“Nos vários contactos que foi tendo com ele, nas várias instâncias eclesiais, o que sempre me surpreendeu, também quando o lia ou o ouvia, é que nunca saía daqui: o Espírito de Deus está sobre mim porque Ele me ungiu e me enviou a anunciar a Boa Nova aos pobres”, disse o cardeal-patriarca de Lisboa.

D. Manuel Clemente sublinhou que Alfredo Bruto da Costa “nunca esmoreceu neste propósito” e insistiu na “concretização do sonho” da atenção constante aos pobres.

“Esta insistência do Alfredo, ao longo de toda a sua vida e de toda a sua obra, fá-lo inteiramente cristão”, acrescentou.

Alfredo Bruto da Costa faleceu esta sexta-feira,  aos 78 anos; licenciado em Engenharia e com 

um doutoramento em Sociologia, exerceu funções no Governo chefiado por Maria de Lurdes Pintassilgo, entre 1979 e 1980, foi presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz e conselheiro de Estado e, ao longo de 40 anos, colaborou com a Paróquia do Campo Grande, em Lisboa, onde residia.

Para o padre Vitor Feytor Pinto, que o acompanhou nas duas últimas décadas, Alfredo Bruto da Costa é um “cristão do após-concílio”, que se deixou “apanhar pela beleza dessa renovação da Igreja, entendendo até ao fim qual era a responsabilidade dos cristãos”.

O pároco do Campo Grande lembrou que o ex-presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz foi um “homem de fé e de serviço, de caridade”

“Alfredo Bruto da Costa somou o desafio da fé à intervenção marcada pela caridade, pela ação social junto dos mais pobres”, e “deu a vida pelo serviço aos pobres com uma intenção imensa de mudar a sociedade, no que passasse pela sua capacidade de intervenção”, lembrou.

Para o padre Vitor Feytor Pinto, o sociólogo sonhava com uma “sociedade em que todos sejam suficientemente iguais”, marcada pela “distribuição dos bens disponíveis" e pela "prática da justiça” e tinha um “sentido de igualdade enorme”.

O funeral de Alfredo Bruto da Costa realizou-se este sábado, no Cemitério dos Olivais, após a celebração da Missa, presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, na igreja do Campo Grande.

PR

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