Ajuda externa: Prioridade é reduzir desigualdade

Lisboa, 04 mai 2011 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), Alfredo Bruto da Costa, afirmou hoje que a “as medidas contra a crise têm de ajudar a reduzir a desigualdade”.

No dia em que se conheceu o memorando acordado entre o Governo português e a ‘troika’ (Fundo Monetário Internacional, União Europeia e Banco Central Europeu) que tem em vista o programa de ajuda financeira a Portugal, o responsável da CNJP sublinhou, em declarações ao programa ECCLESIA que, para além do problema da pobreza, “as medidas anticrise devem favorecer o crescimento económico”.

O Fundo Monetário Internacional “é sensível à necessidade de não prejudicar o crescimento económico”, disse o especialista.

Na última semana, CNJP divulgou um documento “político-cultural” que sugere atitudes políticas e valores sociais indispensáveis para ultrapassar o contexto de crise que Portugal atravessa.

“A Comissão sentiu a necessidade de escrever este documento para colocar as pessoas a pensar”, referiu Bruto da Costa, para quem havia “o perigo de tentar resolver a crise com arranjos de superfície, mantendo intacto tudo que provocou a crise”. 

Tanto a nível mundial como nacional, a Comissão Nacional Justiça e Paz não observava “as grandes transformações que são necessárias, inclusivamente nos comportamentos das pessoas, no sentido de evitar crises novas e no sentido de levar a sociedade a um estilo de vida que seja o contrário aquilo que originou a crise”.

Ao fazer referência ao pacote de medidas propostas pela ‘troika’, o responsável regozija-se que “algumas noções da nota foram satisfeitas: as noções de justiça e de apoio aos mais vulneráveis podem ser suspensas em tempo de crise”

Em relação ao corte das reformas que atingem determinado patamar, Alfredo Bruto da Costa adianta que “não existe informação necessária” porque “é fundamental saber quantas pessoas dependem desse rendimento”.

O aumento dos impostos é um dos caminhos propostos, mas “o ideal é que os impostos sobre o consumo fossem seletivos”, afirma, acrescentado que “deve atingir mais os consumos luxuosos”.

Apesar de reconhecer que a informática torna “as coisas mais fáceis” no campo da máquina fiscal, o presidente da CNJP não sabe se depois “a gestão dessa política fiscal será possível no imediato”

Defensor de um estilo de vida “mais sóbrio”, Alfredo Bruto da Costa realça que era fundamental que os portugueses “fossem esclarecidos, durante a campanha eleitoral, das diferenças” entre as diversas forças políticas.

Os representantes do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia fazem na quinta-feira, às 11:00, uma conferência de imprensa para apresentar as medidas de austeridade acordadas com o executivo português.

A entrevista com o presidente da CNJP é transmitida na próxima segunda-feira, pelas 18:00, na RTP2.

PTE/LFS/OC

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