Ajuda à Igreja que Sofre tem sido«boa samaritana» de Moçambique

Bispo moçambicano agradece auxílio da fundação O bispo da diocese moçambicana de Chimoio e vice-presidente das Conferências Episcopais de África e Madagáscar agradeceu este sábado, em Braga, o auxílio que a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre tem prestado à sua diocese. D. Francisco Silota, que falava na Faculdade de Filosofia, numa conferência integrada nas comemorações do 10.º aniversário da presença daquela fundação em Portugal, referiu que a instituição «tem sido uma verdadeira boa samaritana» para a Igreja de Moçambique. O bispo de Chimoio salientou que o trabalho da fundação tem sido determinante num país que foi devastado por duas guerras e que sofre com as calamidades naturais. «Com a sua assistência faz com que tenhamos meios de deslocação em funcionamento, casas de formação para os agentes de pastoral erguidas e apetrechadas com o necessário material, igrejas e capelas construídas, enfim, uma série de ajudas que nos possibilitam socorrer o maior número de pessoas em necessidade», notou. D. Francisco Silota frisou que a Igreja moçambicana e a diocese de Chimoio em particular, tenta difundir a Boa Nova «que faça sentido para os habitantes », difundir o Evangelho de um modo integral para «a salvação de todos os homens e do homem todo» e tentar propagar a fé cristã. O Acordo Geral da Paz, assinado a 4 de Outubro de 1992, ditou o início de uma nova era em Moçambique. Mas as guerras tinham deixado «grandes e profundas feridas » na população. «Embora as armas se tivessem calado, a guerra continuava em muitos corações, o que tornava o Acordo de Paz e o cessar fogo muito frágeis», recordou. Para a Igreja, afirmou D. Francisco, a verdadeira paz no país implicava a existência de meios para satisfazer as necessidades básicas da população. Foi por isso que os bispos moçambicanos sentiram a necessidade de instalar uma Universidade Católica. A única universidade existente estava sediada em Maputo, no extremo sul do país. Uma situação que, segundo D. Francisco, dificultava o acesso de muitos cidadãos. Por outro lado, o facto poderia constituir um «obstáculo no processo de reconciliação nacional». «Felizmente, a Universidade Católica de Moçambique conta hoje com oito faculdades, a funcionar em cinco províncias diferentes », notou. Uma diocese jovem A Diocese de Chimoio tem apenas 15 anos, cobre uma área de 61 661 quilómetros quadrados e tem uma população de pouco mais de um milhão. Destes, apenas 7,5 por cento são católicos baptizados. «Todos os outros ou formam diferentes denominações cristãs, ou são a minoria muçulmana ou então estão noutros movimentos religiosos », adiantou o bispo. Na diocese de Chimoio existem 15 «extensíssimas» paróquias. Destas, três ficarão em breve sem presença sacerdotal permanente. Tudo porque em toda a diocese existem apenas 25 sacerdotes que são auxiliados por 53 religiosos e por catequistas, a maioria sem formação. D. Francisco Siloto explicou que a diocese está inserida nas populações mais carenciadas. Possui um centro polivalente onde são realizados cursos para leigos e um lar para os meninos de rua. Além do dormitório e refeitório, D. Francisco frisou que o lar possui uma escola que inclui o ensino da informática e ainda uma carpintaria rudimentar. Em breve, a oficina será enriquecida com a serralharia, mecânica, electricidade, sapataria e estofaria. «Todo o nosso objectivo é o de reabilitar esses meninos para, depois, restituí-los à sociedade com certa capacidade de servi-la», notou. Fundação quer consolidar trabalho Apesar do trabalho realizado, em Moçambique continua a faltar tudo. Em declarações ao DM, o presidente do conselho de administração da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre afirmou que aquele país africano não tem forma de sobrevivência se não tiver ajuda internacional. «Ou há de facto ajuda das Nações Unidas e dos países desenvolvidos ou Moçambique terá os dias contados do ponto de vista do desenvolvimento ». Ainda assim, Paulo Bernardino considera que, no contexto da África austral, Moçambique será um dos países que terá mais prosperidade no futuro. Paulo Bernardino fez um balanço positivo dos dez anos de presença da fundação em Portugal. Para a próxima década, este responsável deseja consolidar o trabalho realizado. «Queremos criar condições às Igrejas lusófonas, principalmente Angola, Moçambique, Cabo Verde, S. Tomé e Guiné Bissau, para que sejam auto- -suficientes e haja de facto um desenvolvimento na realidade da Igreja nativa», disse.

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