Auxiliar de Astana esteve em Portugal a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
Lisboa, 17 fev 2014 (Ecclesia) – O bispo auxiliar de Astana, Cazaquistão, D. Athanasius Scheider, disse este domingo, durante uma vigília de oração que decorreu no Mosteiro dos Jerónimos, que é necessário que a Europa conserve a fé cristã através da família.
“Que a velha Europa, que espalhou a fé pelo mundo, conserve essa fé. O meio mais forte para isso é a família. Que sejam famílias católicas numerosas, onde possam nascer vocações sacerdotais, religiosas. Esse é o futuro da Igreja. Sem sacrifício, não pode haver cristianismo. É preciso cultivar a família doméstica, transmitir o catecismo na família e cultivar os sacramentos, em especial o sacramento da penitência”, afirmou, perante dezenas de pessoas.
Na vigília de oração, promovida pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) foi recordado o longo martírio dos cristãos no Cazaquistão durante a antiga União Soviética, num tempo em que o país se converteu, por vontade de Estaline, no “campo de concentração” do regime.
D. Athanasius Scheider agradeceu o convite da Fundação AIS para falar do seu país, relatando “a terrível perseguição de que os cristãos foram vítimas durante o regime comunista e de como a fé sobreviveu apesar dessa provação”.
O bispo recordou ainda que o fim da União Soviética “libertou o Cazaquistão de um jugo terrível mas ainda não se pode falar em liberdade religiosa”.
Segundo a Agência Fides, há poucas semanas “um tribunal em Astana multou dois cristãos protestantes por estarem na posse de publicações religiosas definidas como sendo “materiais extremistas”, e, em outubro de 2013, exemplares da Bíblia e alguns ícones religiosos foram apreendidos pela polícia numa loja da cidade de Oral, tendo o proprietário sido indiciado por “venda de material religioso sem a permissão do Estado”.
Nos últimos anos, o governo do Cazaquistão tem tomado medidas que implicam o “aumento do controlo estatal sobre os fiéis”, nomeadamente “aprovando leis que se destinam à nacionalização das comunidades religiosas, seguindo o modelo de controlo chinês”, segundo pode ler-se no Relatório sobre Liberdade Religiosa no Mundo, editado em 2012 pela Fundação AIS.
Nesse documento, observa-se que “apenas a Igreja Ortodoxa russa e a comunidade islâmica cazaque, consideradas como fazendo parte da tradição do país, estão isentas destas restrições e ara sobreviver a nível nacional e evitar sanções, outras comunidades religiosas devem agora provar que têm pelo menos 5 mil membros”.
O Bispo Auxiliar de Astana coordenou a construção da nova Catedral de Karaganda, arquidiocese da qual foi bispo auxiliar até ao ano passado, dedicada a Nossa Senhora de Fátima.
No Cazaquistão, a maioria da população, cerca de 51 por cento, professa a religião muçulmana, havendo 13,5 por cento que se assumem como cristãos, sendo que destes, apenas 1,2 % são católicos, sendo que por sua vez, 34,4% se afirmam como agnósticos ou ateus.
AIS/MD