Aguiar da Beira: Páscoa traz um «ressurgimento da normalidade» depois de mais de 16% da população ter sido infetada pelo «malfadado Covid» (c/vídeo e fotos)

Apesar do uso da máscara, população começa a «respirar melhor»

Aguiar da Beira, 04 abr  2021 (Ecclesia) – O programa 70×7 do Dia de Páscoa mostrou como a população de Aguiar da Beira vive um “ressurgimento da normalidade” após mais de 16% da população ter sido infetada pelo novo coronavírus e mais de 50 pessoas terem morrido.

Nuno Santos, da direção da Instituição Particular de Solidariedade Social de Aguiar da Beira, afirma que, apesar do uso da máscara, começam a “respirar melhor” e o ambiente que se vive dentro das estruturas sociais “é outro”, sobretudo após ter iniciado a vacinação”

“Esperamos viver este tempo de Páscoa com outro alento, com outra alegria e com entusiasmo que os tempos precedentes não permitiram”, afirma Nuno Santos.

Num concelho com 5000 habitantes, Aguiar da Beira foi a região com maior taxa de infeção do país, com 16,8% da população a contrair o vírus, provocando a morte a mais de 50 pessoas.

“Atrás desses números estão histórias de muito amor, muita solidariedade, muito acolhimento”, afirmou o pároco de Aguiar da Beira, padre André Silva, lembrando que a pandemia ajudou a que toda a população se sentisse mais próxima, “mesmo à distância”.

Ana Fernandes, diretora executiva do Centro Social Paroquial de Dornelas, lembra “histórias de entrega da equipa”, de “superação individual e coletiva” e a necessidade de “lutar contra ao cansaço”, de “apoio na hora do aperto”.

“Foi um tempo que nos obrigou a parar, tanto exteriormente, como interiormente. Quem não aprendeu nada com isto, aprende muito pouco”, disse Ana Fernandes.

“Sinto que me tornei uma pessoa melhor”, afirma a diretora executiva do Centro Social Paroquial de Dornelas, em Aguiar da Beira.

Márcia Pinto é voluntária na Rede de Apoio Local, em Aguiar da Beira, e diz que ajudar as pessoas, sobretudo as mais idosas, “é algo simples” e “só tem de vir do coração”.

“Sinto-me bem a ajudar as outras pessoas. Acho que quanto mais boas pessoas nós formos, mais o mundo responde de forma positiva”, afirmou.

Fernando Andrade, provedor da Misericórdia de Aguiar da Beira, esteve no “olho do furacão” e reconhece a dificuldade em arranjar soluções, no meio da tragédia.

“No meio disto tudo, houve um espírito de solidariedade muitíssimo grande”, afirmou à reportagem da Agência ECCLESIA, sublinhando a importância do apoio dos voluntários, sem os quais confessa que teriam “muito mais dificuldades”.

Vera é enfermeira e trabalha na misericórdia de Aguiar da Beira e está ainda a recuperar de “dias muito complicados”, sobretudo a nível psicológico.

“Foram dias muito complicados, em que não conseguimos prever o que iria acontecer. As pessoas estavam bem agora e passado pouco tempo não estavam. Foi uma situação mesmo muito complicada a nível psicológico”, afirmou.

Temendo que esteja em curso um “compasso de espera”, valoriza o abraço, nota a falta das visitas de familiares e amigos no ambiente da Misericórdia de Aguiar da Beira e reafirma a determinação de continuar a “suplantar” a falta que os idosos sentem das suas famílias.

Em Aguiar da Beira, o jornal ‘+ Aguiar da Beira’ e o projeto de voluntariado ‘Aguiar no Coração’ são duas ajudas para combater a Covid-19, fomentar a resiliência e motivar as populações.

Altino Pinto é diretor do jornal e coordenador do projeto de voluntariado, que iniciou uma campanha de união entre as pessoas de Aguiar da Beira, colocando um coração em cada freguesia do concelho para as pessoas fixarem laços que simbolizam a luta comum contra a Covid-19.

“As pessoas estão a ser desafiadas a colocar laços como símbolos da união que representa o concelho de Aguiar da Beira na luta contra a Covid-19”, afirmou.

O jornal ‘+ Aguiar da Beira’ deu a notícia do primeiro contágio no concelho, a cores, em maio de 2020, e pintou de negro a manchete de luto, por causa de 50 mortes provocadas pela Covid-19, em fevereiro de 2021.

nas bancas desde 2010, o jornal ‘+ Aguiar d Beira’ é “muito mais do que informativo”, fomenta a proximidade e ativa a “relação que se constrói com os leitores, com a população”.

“É um projeto de desenvolvimento local, com diversas ações para manter as pessoas ligadas e contribui par ao desenvolvimento para além da informação”, disse Altino Pinto.

Ordenado sacerdote em 2017, o padre André Silva começou o seu trabalho pastoral em Aguiar da Beira e recorda como a pandemia afetou “todos de repente”, por causa do elevado número de mortes e também pelo medo, “mesmo daqueles que não estão doentes”.

“No seminário somos ensinados a viver numa comunidade enquanto ‘pai’, padre, procurando acolher a todos, sem afastar ninguém. E depois chegamos à comunidade e temos de ser pai, encaminhar a comunidade, mas aprendemos a ser filhos também, ao sermos acolhidos e aprendermos a amar”, afirmou.

A reportagem do programa 70×7 em Aguiar da Beira foi emitida no programa 70×7 do Dia de Páscoa, que passa na RTP2, em cada domingo, pelas 17h00.

HM/PR

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Agência ECCLESIA

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