Agências católicas para o desenvolvimento pedem ao G20 estabilidade económica

Plano de recuperação deve atender às necessidades do países em desenvolvimento

A CIDSE – aliança internacional de agências católicas de desenvolvimento apela aos governos dos países do G20 que apoiem a “regulamentação do dinheiro e negócios nos países em desenvolvimento e não esqueçam os sectores de pequena escala”.

O apelo foi feito na véspera da cimeira do G20, que junta esta Quinta e Sexta-feira, em Seul, na Coreia do Sul, as vinte maiores economias mundiais. O debate vai incidir sobre as taxas cambiais e os desequilíbrios nas balanças comerciais e correntes das maiores economias do mundo.

Num documento lançado antes da cimeira, a que a Agência ECCLESIA teve acesso, a CIDSE congratula-se com o facto de o G20 analisar especificamente as questões de desenvolvimento. “Em vez de competição entre moedas, precisamos de colaboração para a estabilidade económica mundial”.

Aldo Caliari, da Centre of Concert, membro americano da CIDSE, afirma não ser este o tempo para “guerras de moedas”.

“É tempo de o G20 pensar com abertura e apoiar reformas que reforcem a estabilidade económica global e que sejam favoráveis às aspirações de comércio, finanças e desenvolvimento dos países”, afirmou o responsável americano.

A desvalorização monetária “coloca o bem-estar das pessoas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, já em dificuldades face às crises financeira, alimentar e energética, num risco ainda maior”, afirma a CIDSE.

Mathilde Dupré, da parceira francesa CCFD – Terre Solidaire, afirma ser necessário o G20 adoptar um Imposto sobre Transacções Financeiras.

“Em prol da estabilidade económica e dando resposta às necessidades dos países em desenvolvimento o G20 tem de tomar medidas eficazes para acabar com o sigilo bancário e com os paraísos fiscais, de se unir em torno de uma reforma ambiciosa das Instituições Financeiras Internacionais e de criar um mecanismo de exercício da dívida internacional que seja independente e soberano”.

Na última reunião, em Junho em Toronto, os países do G20 garantiram que o plano de recuperação global corresponde aos interesses dos países de baixo rendimento. No entanto, o debate centrou-se no alavancar investimento directo estrangeiro e da actividade do sector privado nos países em desenvolvimento.

A CIDSE congratula-se com este compromisso, bem como com a criação do grupo de trabalho do G20 sobre desenvolvimento, mas reforça que o investimento directo e o sector privado “poderiam contribuir muito mais para a prosperidade dos países, se fossem regulados de uma forma eficaz”.

A aliança internacional de agências católicas de desenvolvimento pede atenção para as necessidades dos “sectores de pequena escala”.

“A agricultura de pequena escala e as micro-empresas pertencentes a homens e mulheres pobres permitem, em primeiro lugar, que as pessoas vivam uma vida digna e saiam da pobreza. A um nível mais alto, elas ajudam a diversificar e fortalecer as economias, não só pela ampliação do cabaz de bens e serviços que contribuem para a riqueza económica do país, mas também por impulsionarem os mercados locais e regionais”.

“O G20 deve reconhecer que o investimento não se deve concentrar apenas nas infra-estruturas de grande escala e de exportação”, disse Christina Weller da CAFOD, o membro britânico da CIDSE. “Construir estradas rurais para permitir que os agricultores cheguem aos mercados locais é igualmente importante”.

Também o Papa convidou os líderes das 20 maiores economias mundiais a ter em conta as “razões mais profundas” para a actual crise económica e financeira, procurando “soluções duradouras, sustentáveis e justas”.

Numa carta enviada ao presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, que acolhe a cimeira, Bento XVI afirmou que o mundo tem os olhos postos nos líderes mundiais.

“A atenção do mundo está centrada em vós e espera que soluções apropriadas sejam adoptadas, para superar a crise, com acordos comuns que não favoreçam alguns países à custa de outros”.

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