Francisco cumprimentou centenas de pessoas e deixou mensagem centrada na fraternidade e no perdão
Bangui, 29 nov 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco visitou hoje um campo de refugiados na República Centro-Africana, durante cerca de 30 minutos, e cumprimentou centenas de pessoas, a quem pediu que sejam capazes de perdoar e promover a fraternidade.
“Que possais viver em paz, qualquer que seja a vossa etnia, cultura, religião ou estatuto social, em paz, porque todos somos irmãos”, declarou, numa intervenção improvisada.
A visita, num país em guerra, foi esperada durante horas por milhares de pessoas, com muitas crianças na primeira fila, acompanhadas pelos seus desenhos e cartazes, ao som de cantos e danças tradicionais.
O Papa pegou no microfone para deixar uma saudação a todos os que estavam presentes, com um pedido especial: “Não parem de trabalhar, de rezar, de fazer tudo pela paz”
“Digo-vos que li o que as crianças escreveram: paz, perdão, unidade e tantas coisas, amor”, assinalou, antes de sublinhar que “a paz sem amor, sem amizade, sem tolerância, sem perdão não é possível”.
“Cada um de nós tem de fazer alguma coisa”, insistiu.
Francisco pediu uma “grande paz” para todos os centro-africanos e convidou os presentes a repetir a frase ‘todos somos irmãos’.
“É por isso, porque todos somos irmãos, que queremos a paz”, concluiu.
Ao longo de um dos cinco campos da capital da República Centro-Africana (RCA), o Papa parou em particular junto das crianças e das pessoas com deficiência.
Uma refugiada fez o discurso de boas-vindas a Francisco, mostrando-se feliz pela sua presença neste local, disposto a partilhar as “dores e alegrias” desta população, e deixando votos de que a visita do Papa ajude a trazer paz estável e bem-estar ao país.
O campo de refugiados fica situado junto à paróquia católica de São Salvador, nos arredores da capital Bangui, dividido em 12 bairros, o qual abriga cerca de 7500 pessoas, muitas delas crianças.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mais de um milhão de crianças precisam de "ajuda humanitária urgente" após três anos de conflito.
A RCA procura sair da crise provocada pela coligação rebelde dos ‘Seleka’, que começou a atuar em 2012, com uma maioria de muçulmanos e de mercenários do Chade e do Sudão.
A chegada deste grupo ao poder levou à reação dos “antibalaka”, que combateram os rebeldes, de forma violenta, atingindo também os muçulmanos.
A visita do Papa decorre sob fortes medidas de segurança face ao clima de instabilidade que obrigada ainda ao recolher obrigatório na cidade de Bangui.
O conflito na RCA provocou centenas de mortos, 400 mil refugiados e outros 400 mil deslocados internos.
A RCA tem cerca de 4 milhões e 600 mil habitantes, 37,3% dos quais são católicos; a Igreja gere 305 escolas, 72 instituições na área da saúde e outras 66 organizações sociais.
OC