África: «Fundamentalismo e mau uso da religião são novas formas de colonização», diz o Papa

Francisco encontrou-se com bispos do continente africano e de Madagáscar e pediu maior atenção às novas gerações

Cidade do Vaticano, 09 fev 2015 (Ecclesia) – O Papa recebeu no Vaticano os membros do Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SECAM) e incentivou-os a manterem-se fiéis à sua missão “de comunhão e serviço, sobretudo junto dos mais pobres”.

Numa audiência realizada este sábado, refere o serviço informativo da Santa Sé, Francisco exortou os bispos a não se deixarem influenciar por condicionalismos “mundanos ou políticos” e a apostarem em estruturas eclesiais “simples, ao alcance de todas as pessoas”.

“A experiência mostra que as grandes estruturas burocráticas olham para os problemas no abstrato e pode acontecer que a Igreja assim se afaste das pessoas. O importante é ir ao concreto, tocar a realidade”, salientou.

Durante o encontro com os membros do SECAM, o Papa argentino exortou os bispos de África e Madagáscar a apostarem numa maior proximidade com as famílias e os jovens.

“O futuro de África está nas mãos dos jovens, que hoje estão confrontados com novas formas de ‘colonização’ completamente desprovidas de escrúpulos, como o sucesso, a riqueza, o poder a todo o custo; o fundamentalismo e o mau uso da religião, novas ideologias que destroem a identidade das pessoas e da família”, salientou.

Para Francisco, “o modo mais eficaz” de ajudar os jovens a “superarem estas tentações tão perigosas é investir na educação”.

Só “ensinando as novas gerações a pensarem pela própria cabeça e a amadurecerem nos seus valores” será possível “contrariar também uma cultura marcada pela opressão e violência, pelas divisões sociais, étnicas ou religiosas”, alertou o Papa.

O continente africano está ainda a braços com um surto de Ébola que já provocou milhares de mortos em países como a Serra Leoa, Libéria Guiné-Conacri, Nigéria e Senegal.

Sobre esta questão, Francisco enalteceu o contributo “louvável” que tem sido dado por “muitos sacerdotes, religiosos e leigos”, na assistência aos doentes e no combate à propagação do vírus.

“Muitos deram generosamente a sua vida permanecendo ao lado dos enfermos”, recordou o Papa, acrescentando que cabe à Igreja continuar a “chamar a atenção da sociedade e das autoridades públicas para os problemas dos mais desfavorecidos”.

JCP

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