Pároco de Nossa Senhora da Boa Hora e de Guifões, na Diocese do Porto, destaca representações que aproximam nascimento de Jesus de cada realidade
Lisboa, 02 dez 2023 (Ecclesia) – O padre Amaro Gonçalo, pároco de Nossa Senhora da Boa Hora e de Guifões, na Diocese do Porto, afirmou que a representação do nascimento de Jesus, no presépio, “sobrevive” a todas as tentativas de esvaziar o Natal da sua mensagem cristã.
“O presépio coloca-nos no centro do mistério que estamos a celebrar”, indica o sacerdote, convidado do Programa ECCLESIA que é emitido este domingo, na Antena 1 da rádio pública (06h00).
A emissão destaca o início do tempo do Advento, que engloba os quatro domingos anteriores à solenidade do Natal, no calendário católico, e os 800 anos da primeira representação do nascimento de Jesus, que aconteceu em 1283, na Itália, por iniciativa de São Francisco de Assis.
“Há muitas tentativas, quer em Portugal quer noutros países, de classificar e colocar a festa de Natal como uma festa de inverno, mais uma”, aponta o entrevistado.
O padre Amaro Gonçalo destaca a importância, neste contexto, da construção do presépio, que ao longo de gerações e nos vários pontos do mundo, foi somando elementos que aproximaram a representação do nascimento de Jesus à realidade das populações locais.
“De alguma maneira, as pessoas entendiam que este acontecimento desceu à terra e também desceu à nossa terra”, observou o pároco de Nossa Senhora da Boa Hora e de Guifões.
O sacerdote aponta às dimensões do “cuidado amoroso” do mundo e da paz, presentes no presépio, como uma inspiração para a sociedade atual.
“Na Diocese do Porto, até sugerimos que este ano colocássemos junto do presépio uma referência explícita a Belém, por causa do que se está a passar neste momento na Terra Santa, entre o Hamas e Israel”, acrescentou.
Em Guifões, por exemplo, a árvore de Natal vai ser uma oliveira e não um pinheiro, sublinhando a “mensagem de paz” e o desejo de uma “nova humanidade”.
“Olhando para a figura de Jesus, eu diria que somos chamados a redescobrir a beleza da nossa própria fragilidade e a grandeza da nossa humanidade”, indica o sacerdote.
O padre Amaro Gonçalo realça a força das imagens do presépio, com Jesus no centro, “este Deus feito homem”.
“Não escapou nem fugiu à dolorosa condição humana de crescimento, de sofrimento, de frio, de calor, de fome, de sede. Está ali alguém no qual a nossa humanidade também se revê”, prossegue.
A Diocese do Porto lançou uma proposta de Caminhada do Advento até ao Batismo do Senhor, desafiando a comunidade a fazer uma visita a uma pessoa doente e isolada, em tempo de Natal, entre outras propostas.
A programação inclui um encontro, na Paróquia da Boa Hora, com migrantes, de várias religiões.
“Não é preciso violentar a consciência nem a fé de ninguém para acolher o Natal como uma festa da humanidade inteira e de um mundo que todos desejamos seja um mundo novo”, conclui o padre Amaro Gonçalo.
OC