Advento: «É tempo para perceber como estou a cuidar do encontro que vou viver no Natal» – padre Pedro Guimarães

Sacerdote vicentino, autor do livro  «A comunicação da Igreja é um encontro», valoriza «tempo de escuta»

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 29 nov 2021 (Ecclesia) – O padre Pedro Guimarães, sacerdote vicentino e autor do livro “A comunicação da Igreja é um encontro”, disse à Agência ECCLESIA que o Advento, as quatro semanas que antecedem o Natal, pode ser “tempo de escuta” e de perceber “o que se deixa para trás”.

“A expectativa do encontro e as semanas do Advento devem ajudar a perceber, enquanto pessoas e cristãos, o que estamos a deixar para trás, o que assumimos e onde tenho apostado e vivido os encontros, é uma forma de perceber como estou cuidar este encontro que vou viver no Natal”, indica o religioso.

O entrevistado refere que a “Igreja tem a característica do púlpito” mas que tem de se colocar “mais à escuta”, o tema que o Papa lançou na mensagem para as Comunicações Sociais e que considera que pode revelar uma “Igreja capaz de ser voz atenta e desperte para a centralidade da sua natureza, uma grande e urgente missão”.

Com o horizonte no Natal 2021 e perante dúvidas da celebração devido à pandemia, o padre Pedro Guimarães aponta que a “Igreja vai continuar a ser lugar de encontro comunitário”.

“O encontro comunitário, de celebração sacramental são experiências que devem marcar e apontar algo novo e o Natal vivido com dificuldades, pensamos em famílias, instituições, ou na solidão, a Igreja vai continuar a ser lugar de encontro comunitário, e isso é sempre sinal de esperança para o mundo, alimentar encontros que trarão nova vida ao longo do ano”, destaca.

O autor do livro “A comunicação da Igreja é um encontro”, que traz uma reflexão sobre o ano de 2020, aponta este Natal como “tempo de encontro”.

O tempo, que passou a ganhar outra relevância durante a vivência da pandemia, sendo um “tempo cansado”, é também uma das “características interessantes da Igreja” que o sacerdote vicentino defende que o tempo pode ser visto como “oportunidade de crescimento”.

“Penso que é voltar a descobrir que o tempo é um caminho de quem se sente peregrino e isso faz-se de encontros, sabemos pela encarnação de Cristo que veio ter connosco e agora quer ser descoberto”, afirma.

A chave é o encontro, o que entendemos como o contacto, o presencial, Deus que vem e nos coloca em relação, dá para entender o que é a comunicação mas também para ultrapassar este tempo de pandemia com a limitações e por outro lado. como pessoas de fé, sentimos que no meio da dificuldades ou falta de esperança, o Advento pode ser a prática de nos prepararmos para encontros construtivos, reveladores, e que impliquem uma relação mais profunda que é esta pertença e descoberta do Deus amor que somos chamados a levar ao outro”.

O padre Pedro Guimarães sente que às vezes “se vive em piloto automático” e este contexto pandémico pode “trazer tempo para olhar e repensar a história e existência de cada um” e conclui que todos perceberam “que ninguém quer estar preso e queremos ir ao encontro do outro”.

“Penso que o Advento pode permitir equilibrar os nossos ritmos, enquanto Igreja tínhamos um ritmo muito próprio e temos de aprender a voltar ao presencial, com outras responsabilidades, e com o Advento estamos a reaprender a descobrir o tempo de encontro com Deus, que exige silêncio, paragem, encontro comunitário e celebrativo, depois testemunho através de ações concretas, como a caridade”, define.

O sacerdote vicentino salienta que o Advento pode ser vivido como “um tempo de cuidado e de cura”, e o Natal, mais do que uma festa social, para ser para que “cada um se encontre verdadeiramente com o que é fonte de tempo”.

“Perdemos muito tempo com prendas e depois não valorizamos muito o encontro presencial e de escuta, por exemplo, a partilha da refeição, e a pandemia veio mostrar que estávamos com saudades de estar à mesa, características que ajudam a regressar ao essencial”, conclui.

A entrevista com o padre vicentino é o mote dos programas de rádio ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, de segunda a sexta-feira, pelas 22h45, ficando depois disponível online.

OC/SN

 

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