Bispos portugueses reuniram-se com o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, no primeiro dia de visita
Cidade do Vaticano, 20 mai 2024 (Ecclesia) – O delegado da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) para a Vida Consagrada disse hoje, no Vaticano, que é “necessário refletir” sobre a diminuição das vocações e o “surgimento” de novas realidades.
Em declarações aos jornalistas, no final do encontro dos bispos portugueses com o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, inserido na visita ‘Ad Limina’, D. Rui Valério afirmou que para o discernimento acontecer “é indispensável”, da parte dos consagrados, “uma grande disponibilidade para a escuta, para a escuta da voz de Deus, para a escuta dos impulsos do Espírito Santo”.
“As novas realidades, as novas formas, as novas configurações de vida consagrada que estão a surgir, elas ainda se situam, por um lado, sem dúvida, é uma dádiva de Deus, continuam a ser consideradas como tal, mas, por outro lado, ainda contêm muitos aspetos que se situam ao nível dos desafios”, referiu o patriarca de Lisboa.
“Estamos em caminho, estamos num processo de solidificação e de compreensão e de afirmação também”, defendeu o responsável católico, que acrescenta que a necessidade de consagração deste trajeto se faz a dois níveis.
“Por um lado, ao nível do carisma, ao nível carismático, o sentido profundo da inspiração do fundador. O sentido profundo que se esconde na letra das normas da Constituição da inspiração”, indicou D. Rui Valério, que aponta a estruturação como o segundo nível.
Segundo o bispo, “a vida consagrada”, na “sua forma mais secular”, era de “uma determinada maneira”, e agora “estão a surgir até novas configurações de ser ao nível das comunidades no seu concreto”.
“Nós agora estamos a contemplar o surgimento de novas realidades em que existe ali um ‘paredes meias’ até com a realidade muito marcante laical. Laical no sentido de pais de família, mães de família”, destaca Rui Valério, que diz que “tudo isto está a ser abraçado por processos ou por formas novas que o Espírito Santo está a suscitar na Igreja”.
“Estamos num processo de amadurecimento a fim de alcançarmos uma configuração consagrada, estabelecida, seja ao nível carismático, seja ao nível estrutural”
O delegado da CEP considera que hoje “pelo ardor da sinodalidade” já não existe a dicotomia e diferenciação entre categorias.
“Hoje a vida consagrada vive muito deste ecumenismo entre rapazes, raparigas, homens, também mulheres, entre pessoas que se consagram a uma atividade até profissional mais do século e outros que se consagram a uma ação mais pastoral, mais dentro do âmbito da Igreja, mais inseridos em contextos paroquiais e diocesanos”, ressaltou, sublinhando que “hoje as novas formas de vida consagrada estão efetivamente a abraçar estas propostas”.
A vida consagrada e as sociedades de vida apostólica como dom, os seus desafios e perspetivas de futuro foram as três dimensões que estiveram no foco do encontro dos bispos de Portugal com o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
De 20 a 24 de maio, os bispos portugueses visitam o Papa e os organismos da Santa Sé, pela primeira vez desde setembro de 2015.
No primeiro dia, os bispos reúnem-se com os responsáveis da Secretaria Geral para o Sínodo, o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica e a 1.ª Secção do Dicastério para a Evangelização.
PR/LJ