ACR, um caminho pessoal

Olhar para o caminho pessoal percorrido em ACR ao longo de 25 anos de que faço parte é verificar que foi, é e será a grande escola da minha vida. O carisma deste movimento apreendi-o na firmeza, no carácter, na grandeza de alma e de coração do meu pai, que sempre com um sorriso transbordante transmitia à família (à minha mãe e aos 3 filhos) a alegria da missão e da comunhão eclesial. Recordo-me que pequenina, nas noites gélidas de inverno (o Inverno em Viseu é duro) onde nós estávamos todos no quentinho, o meu pai vestia o seu casaco, e com grande satisfação saia de casa e ia para as reuniões da ACR.

O meu pai levava-nos para os grandes encontros regionais, diocesanos e nacionais deste movimento e sempre senti uma profunda unidade entre as pessoas, respirava-se um verdadeiro clima familiar.

Este testemunho assimilado com oração diária pessoal e familiar ( rezávamos sempre em família) vincou em mim o desejo profundo de que também eu poderia ser assim.  Então com 14 anos, mais concretamente no ano 1983, ano em que a Acção Católica Portuguesa  completava o 50º aniversário da sua presença em Portugal, eu comecei a participar nas reuniões da equipa diocesana dos jovens assumindo cargos de responsabilidade na organização de actividades e  de formação.

Tudo isto ajudou-me profundamente no desenvolvimento dos talentos que estavam submersos dentro de mim e comecei a pô-los  a render a favor dos outros. Neste caminho, há a salientar que a espiritualidade da ACR ensinou-me a fazer uma leitura crente da realidade e a colocar a minha vida sempre à descoberta da vontade de Deus em cada momento da vida.

Os 4 pilares deste movimento ensinaram-me acreditar sempre. A ORAÇÃO é sem dúvida a fonte inspiradora e orientadora do discernimento do caminho a seguir. O ESTUDO do evangelho, dos documentos conciliares, de textos de reflexão permite-nos formar a consciência. O SACRIFICIO é o motor de trabalhar sem desfalecer face às dificuldades, às contrariedades, é abrir o nosso coração ao bem do outro mesmo que exija, mesmo que doa. A ACÇÃO é por excelência a entrega, a disponibilidade, o serviço da nossa vida, da vida do grupo por uma causa, para resolução de uma situação que precisa de ser curada, transformada.

Por tudo isto marcou a minha vida de estudante, de universitária , de profissional e especialmente de esposa e mãe de família. Actualmente, sou mãe de 4 filhas ( Maria Francisca, Maria Margarida, Maria e Maria Inês) onde procuro com a força do Espírito Santo educá-las para os verdadeiros valores ( partilha, diálogo, interajuda, simpatia, acolhimento,…). Também elas fazem parte de grupos da ACR.

A minha filha mais velha iniciou-se este ano num grupo de adolescentes tendo feito uma caminhada de 5 anos no grupo, infantil. A  Margarida e a  Maria pertencem a um grupo infantil. A ACR   têm-lhes ensinado a dar valor às pequenas coisas, aos pequenos gestos, às pequenas atitudes na escola, na família, nos tempos livres, na Igreja. Elas  com a sua  energia e entusiasmo na participação das actividades da ACR ensinam-me  a acreditar sempre mais e mais e a confiar cada vez mais que é o Senhor que conduz as nossas vidas e conduz o rumo da ACR.

Poderei afirmar que a ACR deu-me uma formação sólida, uma capacidade de ler os acontecimentos da vida, de os reflectir  à luz dos critérios evangélicos e empenhar-me numa acção esclarecida e solidária nos acontecimentos. Tudo isto implica que a família esteja envolvida neste ambiente exigente mas saudável pois só o serviço faz sentido. Se assumi ser presidente nacional desde 2004 foi porque a minha família o permitiu.

A ajuda incansável da minha mãe que fica tantas vezes a cuidar das minhas filhas novas , quando eu, com o meu marido, as minhas filhas mais velhas  e o meu pai vamos pelo país fora em missão. A ACR é tem ajudado a minha família a crescer, a ser mais unida, a assumir responsabilidades em projectos de solidariedade, de comunhão, a ser mais unida.

Apesar dos nossos erros e fracassos, a força da oração em família, a cumplicidade na organização dos trabalhos, das reuniões, na participação das actividades, a busca incessante da Vontade de Deus permite-nos acordar cada dia com vontade de ser e melhor.  Sim, gostaria de gritar bem alto que a ACR implica a vida e a família toda, no sonhar , no desenhar e no construir um mundo mais  humano e mais justo.

Ângela Almeida

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