D. João Lavrador diz que há ilhas que correm o risco de ficar despovoadas
Lisboa, 02 jan 2020 (Ecclesia) – O bispo de Angra destacou hoje a importância da visita do presidente da República à ilha do Corvo, considerando-a fator de estímulo e promoção do desenvolvimento local e do arquipélago açoriano.
“As pessoas devem ter uma proposta de desenvolvimento capaz de responder às suas necessidades mais imediatas, e um tipo de desenvolvimento adequado aos tempos em que vivemos, porque estamos na iminência de algumas ilhas ficarem despovoadas”, advertiu D. João Lavrador, em declarações à Agência ECCLESIA.
O responsável católico saudou a presença de Marcelo Rebelo de Sousa na ilha do Corvo, a menor do arquipélago dos Açores, na passagem de ano, uma zona “periférica”, mas de especial importância, onde “a Europa começa”.
O bispo da diocese açoriana observa que o Corvo, em particular, é uma ilha com características especiais.
“Tem uma população de alguma maneira fixa, estão enraizados, apesar de já terem sido o dobro do que são hoje, mas nas últimas décadas têm mantido o número da população. Trata-se de pessoas muito agarradas à sua terra, com um gosto muito grande pelas suas tradições e com uma enorme capacidade de se reinventarem para ultrapassar as dificuldades que têm”, precisa.
O bispo de Angra sublinha que a “soma de nove ilhas” dos Açores implica problemas e desafios que devem ser encarados, “sobretudo na mobilidade e naquilo que deve ser uma economia equitativamente desenvolvida”.
“A verdadeira autonomia só se alcança quando se fizer um desenvolvimento equilibrado de toda a região”, acrescenta.
Apesar da dispersão natural de uma diocese dividida por nove ilhas, D. João Lavrador assume que a Igreja nos Açores “não pode perder o sentido da unidade e da comunhão entre todos”, com “uma atenção e uma comunicação cada vez maior em relação ao outro”.
O bispo de Angra sustenta que as pessoas têm de ter condições para “construir uma sociedade com desenvolvimento próprio, pois sem população a sociedade não existe”.
O primeiro dia do novo ano trouxe consigo uma efeméride pesada, os 40 anos do sismo que atingiu grande parte do arquipélago.
“É uma ameaça que os açorianos já aceitam como fazendo parte da sua vida”, lembra D. João Lavrador que não ignora que esta situação “cria dificuldades a nível das construções e afeta também as próprias igrejas”.
Atualmente ainda há templos que aguardam pela reconstrução, como uma capela na Paróquia de Santa Luzia, no Pico, ou de duas paróquias no Faial, onde vão arrancar as obras.
“Foi a conjugação de esforços e, sobretudo, a abertura por parte do Governo Regional para encontrar meios, também económicos, que permitiu esta reconstrução”, conclui o bispo de Angra.
HM/OC