Açores: Presidente da Cáritas diocesana assinala que resposta da instituição «tem de ser mais estruturada»

«As Cáritas dos Açores não estão ativas, nem despertas, para as questões da precariedade que hoje se colocam» – Anabela Borba

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Angra do Heroísmo, Açores, 23 nov 2022 (Ecclesia) – A presidente da Cáritas da Diocese de Angra, no Arquipélago dos Açores, disse que a resposta da instituição “tem de ser mais estruturada”, a nível diocesano e nas diferentes ilhas, alertando que “só respostas sociais não chegam”.

“Onde a resposta está mais estruturada é na Terceira e em São Miguel, há respostas diárias, com ação permanente, e não só respostas sociais, que sendo importantes, não chegam”, disse Anabela Borba, ao portal diocesano ‘Igreja Açores’.

Para a presidente da Cáritas dos Açores, a instituição solidária tem de “dar resposta às populações de forma sistemática” e têm de estar presentes para poderem “medir a temperatura social de forma permanente”, adiantando que este é o principal assunto que vai apresentar ao novo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, depois da sua entrada na diocese, a 15 de janeiro de 2023.

“O facto de não termos mais problemas diagnosticados prende-se com esta falta de resposta nas diferentes ilhas; as Cáritas dos Açores não estão ativas, nem despertas para as questões da precariedade que hoje se colocam: Primeiro porque não conhecem a realidade concreta e segundo porque a sua vocação não tem sido essa”, desenvolve.

Segundo Anabela Borba, a organização católica na diocese destina-se a pessoas de fim de linha, “em situações de extrema pobreza”, enquanto as pessoas “com vidas estruturadas mas pobres e com rendimentos que não chegam para pagar as suas contas”, não chegam à instituição porque não têm “possibilidade de as ajudar”.

“Estas pessoas não precisam de apoio alimentar mas de dinheiro, que nós não podemos dar. Talvez por isso o aumento de procura da Cáritas em termos nacionais seja muito diferente da que se regista nos Açores”, acrescentou, a responsável, que lamentou que em ilhas como São Jorge, o Pico, ou Faial, a organização permaneça assente numa estrutura de voluntários, que “é muito importante, mas não chega”.

Neste contexto, indica que na ilha de São Miguel, a Cáritas “está muito orientada para os sem-abrigo”, e na Ilha Terceira “para os programas de pobreza”.

“Demos e damos prioridade aos que têm menos, foi um critério. Estas pessoas, que começam agora a procurar apoio, não precisam exatamente de apoio alimentar mas de dinheiro para fazer face, por exemplo, ao aumento das taxas de juro”, sublinha, assinalando ainda que têm surtido “algum efeito” os programas governamentais de luta contra a pobreza, nomeadamente no que toca a apoios financeiros e de requalificação no trabalho.

A Cáritas Portuguesa lançou a edição 2022 da campanha ‘10 Milhões de Estrelas – um Gesto pela Paz’, quando a Igreja assinalou o Dia Mundial dos Pobres (13 de novembro), e na Diocese de Angra toda as ilhas aderiram a esta operação solidária de Natal, que vai apoiar a rede desta organização a nível nacional e colaborar com os países lusófonos “mais afetados pelas alterações climáticas através de um fundo criado para esse efeito”.

“Continua a fazer sentido e continua muito atual” refere a dirigente da Cáritas dos Açores, lembrando também o apoio aos refugiados ucranianos, alguns ainda estão na suas instalações

“São pessoas muito estruturadas que desejam construir soluções rápidas para se tornarem independentes”, referiu Anabela Borba, ao programa de rádio do portal ‘Igreja Açores’.

CB

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