Açores: Cerca sanitária em Povoação faz nascer «décima ilha», escreve pároco local

Testemunho do padre João da Ponte faz notar a «pastoral de vizinhança»

Povoação, Açores, 03 abr 2020 (Ecclesia) – O padre João da Ponte, pároco da Povoação, na ilha de São Miguel, afirma que o cordão sanitário, decretado no dia último dia 29, aumentou o isolamento social ao ponto de parecer uma “décima ilha” no arquipélago.

“Embora se tenha decretado, e bem, a partir de domingo passado, um cordão sanitário em torno do Concelho da Povoação, fazendo com que, aparentemente, se transforme numa espécie de décima Ilha deste nosso Arquipélago e se aumente o isolamento social, sinto que nunca estivemos tão próximos uns dos outros e a Igreja Paroquial nunca esteve tão cheia como nestes dias. Dos bancos vazios da Matriz da Povoação ouço o grito das Comunidades que me foram confiadas”, escreve, num texto publicado no site de informação da diocese, ‘Igreja Açores’.

O sacerdote reconhece que estes são “dias de deserto”, uma paragem para “salvaguardar a vida”, onde as prioridades “deixaram de o ser para dar lugar ao zelo e cuidado”.

Ouço as súplicas dos doentes, dos profissionais de saúde, dos que cuidam dos doentes, das famílias, dos que se recomendam às minhas orações, dos que trabalham para poder garantir os serviços mínimos, mas necessários a todos os que estamos neste Barco, dos que estão isolados nas suas casas sem ninguém que os abrace, de todos os que estão perto ou longe e de tantos outros que estão no Coração de Deus. Sinto que hoje a Igreja está mais cheia do que nunca”.

A celebrar na Casa das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, onde partilha refeições com as religiosas e também com as crianças e com os jovens que estão ao cuidado das Irmãs, possibilitando a realização de “atividades de educação física, música, leitura, artes plásticas, cozinha, limpeza de espaços, elaboração de mensagens de esperança para serem colocadas nas janelas, entre outras”.

O padre João da Ponte dá conta de “inúmeros pedidos de intenção” que lhe chegam e da dinâmica que os grupos paroquiais procuram ter nas redes sociais, “para poderem estar mais próximos de quem sofre neste momento”.

“A catequese está a reorganizar-se para poder continuar este trabalho de proximidade com as crianças e jovens e as suas famílias através das redes sociais. Estão a formar-se já grupos online, com os vários anos de catequese, a fim de se promover o diálogo e a partilha de atividades”, explica.

O sacerdote pede uma “pastoral de vizinhança”, em especial com “as pessoas que vivem sozinhas, apelando a que se crie um verdadeiro espírito de Igreja doméstica em cada lar”.

“Todos os dias há inúmeras partilhas da Palavra de Deus, de orações e de atividades nas páginas de facebook, para que as pessoas não sintam o frio isolamento, e sejam capazes de experimentar a presença carinhosa de Jesus Cristo, através da Sua Igreja”, sublinha.

LS

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Agência ECCLESIA

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